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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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eiterado emprego do qualificativo galego para provocar os portugueses e explica o uso<br />

desse apelativo como se segue:<br />

As condições específicas do Rio de Janeiro tornaram a cidade propícia aos imigrantes portugueses.<br />

Aceitavam salários exíguos que em seu Portugal jamais pensaram em aceitar. Por isto, começaram a<br />

ser chamados de galegos por seus próprios patrícios. É que no doce Portugal, só quem se submetia<br />

por uma nonada eram os galegos, habitantes da Galiza, região das mais miseráveis da península<br />

Ibérica e secularmente inimiga dos lusos. A palavra “galego” difundiu-se rapidamente como um<br />

xingamento que fazia as delícias dos nacionais.<br />

Trabalhavam muito. Queriam enriquecer para voltar para a “terrinha”. Este era um objetivo forte que,<br />

por vezes, transformava-se no envio de suas economias para os parentes do torrão natal (Ribeiro,<br />

1989 : 17).<br />

A autora menciona que os imigrantes portugueses chegaram a constituir perto da<br />

quinta parte dos habitantes do Rio de Janeiro em 1906. Esses imigrantes, solteiros, jovens e<br />

de origem rural, mas com ânsia de obter sucesso na cidade, formaram boa parte da força de<br />

trabalho ativa e entraram em concorrência com os brasileiros nativos na disputa por uma<br />

vaga de trabalho devido a que monopolizaram certos ramos de atividade e empregos – o<br />

comércio a retalho e o serviço atrás dos balcões – e a que aceitavam baixos níveis de<br />

remuneração, travando-se nas ruas conflitos com vieses nacionais e raciais, cuja origem<br />

estava na briga pela sobrevivência. Assim, o grito de “mata galego”, que a autora remonta à<br />

tradição colonial “foi continuamente reeditado no alvorecer da vida republicana” (Ribeiro,<br />

1989: 10), criando-se no Rio, na figura do “galego”, o contraponto do patriota brasileiro e<br />

do malandro carioca. Para o primeiro, o “galego” representa o afã insaciável por acumular<br />

poupanças através do trabalho extenuante, com vistas a retornar à sua terra como um<br />

homem enriquecido. Com esse intuito, o galego não duvidaria em lesar os fregueses<br />

brasileiros nos negócios em que se empregasse. Para o segundo, o “galego” representa a<br />

aceitação de uma ideologia do trabalho em que é assumida a exploração imposta pelo<br />

patrão com vistas a receber em troca as benesses de um paternalismo em que a comunhão<br />

de interesses pela riqueza entre o empregado e o patrão fazia com que este lhe ensinasse o<br />

percurso que devia ser seguido para que um subordinado alcançasse, mediante o esforço, a<br />

disciplina e as argúcias, o nível sócio-econômico sonhado.<br />

O antilusitanismo no cotidiano dos trabalhadores cariocas, e as suas conseqüentes<br />

disputas e rivalidades, é exemplificado por Gladys Sabina (Ribeiro, 1989 :48) por um<br />

conflito acontecido nas oficinas da Gazeta de Notícias. Em uma tarde do mês de maio de<br />

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