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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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justa inerente às reivindicações germânicas no tocante ao corredor polonês. Cumpriria que,<br />

para manterem a paz, os Estados europeus compreendessem a precisão de se unirem ar<br />

redor do “supremo interesse coletivo” e entendessem que “o nosso inimigo comum é a<br />

Rússia, a mais bárbara e brutal das potências “asiáticas”, a mais perigosa e próxima, a mais<br />

difícil de humanizar”. Mas ele não crê que isso possa suceder; o autor vislumbra a<br />

contingência da guerra e crê que se o enfrentamento se limitasse a uma guerra da Alemanha<br />

e da Itália contra a Inglaterra e a França venceria o primeiro grupo não pelo seu maior<br />

poder militar senão devido à sua maior coesão social. Mas caso o Japão se decidisse a<br />

assegurar a sua hegemonia na Ásia mediante o domínio do oriente russo, da China e das<br />

Filipinas, entrariam na guerra os Estados Unidos e com eles todo o continente americano<br />

cuja unidade em um único bloco beligerante Las Casas põe em dúvida por causa do<br />

antagonismo entre a cultura latina e a anglo-saxônica, dos problemas fronteiriços e do<br />

acirramento ideológico. Então, produzir-se-ia a universalização da guerra, na qual os<br />

pequenos Estados da Europa, com as suas colônias, serão envolvidos e se converterão nos<br />

“Estados mártires da brutal contenda que se aproxima”. Contemplando essa possibilidade,<br />

Las Casas prediz quais seriam as zonas em que se travariam as batalhas definitivas. Desta<br />

vez, o autor é taxativo em relação à sua visão da Guerra Civil espanhola e da posição que<br />

será ocupada pela Espanha na nova guerra mundial:<br />

A Espanha – acredito no triunfo do general Franco desde o primeiro momento da guerra – lutará ao<br />

lado da Itália e da Alemanha e, pela sua situação privilegiada, será o elemento decisivo na parte da<br />

guerra que corresponderá à Europa: o canal de Suez, pelo Norte, será rapidamente obstruído e, pelo<br />

Sul, será dominado pela Itália que, com Abissínia, Eritréia e a Somália, asfixiará as bases inglesas e,<br />

com o apoio da Líbia, inutilizará o Egito, e o estreito de Gibraltar está nas mãos da Espanha, ficando<br />

livre a rota do Oriente só pelo cabo de Boa Esperança, que é um caminho demasiado longo e custoso<br />

(Las Casas, 1937b: 154).<br />

Las Casas conclui que, devido à magnitude que alcançará a guerra pelo progresso na<br />

indústria de armamento, o porvir não poderia ser mais sombrio; no entanto, como essa<br />

guerra iniludivelmente acontecerá 520 , ele crê que os homens se preparem para ela<br />

520 Eis a descrição que faz Las Casas (1937b: 155) do panorama pós-bélico: “Muitos milhões de homens<br />

morrerão em poucos dias, dezenas de milhões ficarão tragicamente mutilados, centenas de obras de arte<br />

únicas desaparecerão para sempre. Sobre ermos que foram paraísos, entre charcos de sangue e de lama,<br />

milhares e milhares de jovens imberbes, que inspiravam as nossas melhores esperanças, abrirão os seus peitos<br />

níveos aos corvos e seus opacos olhos mortos para a noite infinita. É inútil que as velhas carpideiras<br />

percorram o mundo implorando paz e que os oradores sentimentais nos volvam a dizer outra vez que a guerra<br />

é uma praga da humanidade”.<br />

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