26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

contou o general para o seu labor político durante a sua estada no Brasil. A correspondência<br />

do general Humberto Delgado deixa entrever que ele nem delegara em Galvão a<br />

representação do MNI na Venezuela nem estivera ao corrente da constituição do DRIL.<br />

Assim, essa correspondência transmite que o general teve conhecimento da terceira<br />

operação do DRIL pela imprensa e que não desmentiu a sua participação nela para não<br />

perder a sua posição de liderança na oposição portuguesa 324 .<br />

Em Minha cruzada pró-Portugal – Santa Maria, o capitão Galvão sim menciona<br />

José Fernández, sob o codinome de comandante Sotto Mayor, mas não o trata como o seu<br />

par, senão como o seu subordinado: “Ficou assente que o comando operacional supremo<br />

seria exercido por mim em territórios, naves ou aeronaves portugueses e por Sotto Mayor<br />

em territórios, naves ou aeronaves espanholas” (Galvão, 1961: 96). Por sua vez, o<br />

responsável da coordenação naval da operação, José Fernando Fernández Vázquez, o<br />

comandante Jorge Sotomayor, em Yo robé el Santamaría (Sotomayor, 1972) mostra a sua<br />

versão da operação, da qual ele se apresenta como o principal artífice. Observa-se, pois, que<br />

os três principais comandantes da operação pretenderam reclamar para si o papel<br />

protagonista de mentor e executor da peripécia. A disputa constante pelos louros tanto no<br />

interior no DRIL quanto perante a imprensa desgastou a hierarquia no Diretório, eliminou<br />

qualquer direito ou poder baseado na autoridade e derivou em uma situação de acefalia, à<br />

qual se referiu Velo no rascunho de uma carta inédita, redigida por volta de 1962 325 ,<br />

El Santa María, a efectos de la organización insurreccional-revolucionaria que concibió, planificó y<br />

realizó el hecho, era un barco ibérico, por muy portugués que sea el domicilio de la empresa naviera<br />

propietaria, y por muy portugués que, a la postre, venga a resultar el caduco Capitán que usufructúa<br />

honores que no le corresponden.<br />

En mi libro Prólogo para la inauguración de Iberia [inédito], hay un capítulo, entre otros, dedicados<br />

a este caso. En él se describe con objetividad, cuanto a la concepción, planificación, realización y<br />

fines de esta singularísima operación inconclusa se refiere.<br />

324 Parte da correspondência (emitida e recebida) por Humberto Delgado durante o seu exílio no Brasil é<br />

reproduzida por quem fora o secretário, no Rio de Janeiro, da Associação General Humberto Delgado, o<br />

imigrante português Luís Abreu de Almeida Carvalhal. Luís Carvalhal publicou essa recopilação na longa<br />

crônica A verdade sobre Humberto Delgado no Brasil – Cartas inéditas, notas e comentários (Carvalhal,<br />

1986). Carvalhal refere-se à recepção por Humberto Delgado da notícia do seqüestro do Santa Maria na seção<br />

Uma surpresa na calada da noite – o “Santa Maria”, no Capítulo IX (Carvalhal, 1986: 237- 74).<br />

325 Utilizamos a transcrição que Victor Velo fez dessa carta (Velo, 2004). Essa transcrição está inserida nas<br />

respostas que Victor Velo deu a uma série de questões que lhe formulara o jornalista Xavier Montanyà. Victor<br />

Velo remeteu essas respostas a Montanyà aos 6 de dezembro de 2003 e, meses depois, enviou-nos uma cópia.<br />

453

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!