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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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introdução, o autor alude a alguns acontecimentos históricos com vistas à contextualização<br />

da transferência da capital do Estado de Minas Gerais, de Ouro Preto à Cidade de Minas<br />

[Belo Horizonte], inaugurada em 1897, e informa que o centro de interesse do trabalho que<br />

apresenta é<br />

a atuação dos espanhóis a partir do início da construção da nova Capital, com os problemas sociais e<br />

políticos resultantes, seu cotidiano, suas lutas, suas instituições culturais, as questões políticas<br />

específicas, até sua inserção na sociedade que se constituía no novo espaço urbano (Silva, 2002: 10).<br />

Renato de Assumpção e Silva refere-se, na introdução, à causa da chegada de<br />

imigrantes espanhóis a Belo Horizonte, isto é, à necessidade de mão-de-obra para os<br />

trabalhos de construção dessa cidade – mão-de-obra escassa entre os naturais “já que o<br />

trabalhador nacional, de modo geral, considerava degradante o trabalho, efeito ainda do<br />

longo período escravista” – e aponta a segregação elitista como uma das características<br />

inerentes à concepção urbanística da nova capital, em cujo perímetro urbano não foram<br />

contemplados espaços destinados à habitação dos operários. Em decorrência disso, as<br />

primeiras levas de imigrantes espanhóis ocuparam, devido a fazerem parte da classe<br />

Minas Gerais. No capítulo II, “A grande imigração para o Brasil”, destacam-se momentos relevantes no<br />

processo imigratório brasileiro, desde a autorização da doação de terras a todos os estrangeiros que quisessem<br />

se fixar como colonos no Brasil, feita pelo Príncipe Regente D. João, em 25 de novembro de 1808 até a s<br />

medidas implementadas para efetivar a substituição gradativa da mão-de-obra escrava por imigrantes<br />

europeus para a lavoura na cafeicultura paulista. No Capítulo III, “A imigração Espanhola para o Brasil” – o<br />

capítulo maior da tese –, esboçam-se as causas da emigração espanhola ao Brasil, indica-se a periodização<br />

dessa imigração e as suas quantidades e depara-se em algumas características socioeconômicas da imigração<br />

espanhola em Salvador e nas cidades de São Paulo e de Rio de Janeiro. Nesse capítulo, salienta-se o seguinte:<br />

“Minas Gerais foi exceção, pois, tendo a maior população escrava do país, sendo um dos três maiores<br />

produtores de café e possuindo uma população nativa suficientemente grande para suas necessidades,<br />

precisava de pouco trabalho do imigrante. Isso explica o fato de a imigração européia, incluindo a espanhola,<br />

ocorrer em tão pequena escala para Minas Gerais, se comparada a outros Estados” (Silva, 2002: 61-62). No<br />

final desse capítulo, o autor conclui que os espanhóis que emigraram ao Brasil estavam entre os europeus<br />

mais pobres e despreparados, tinham pouca instrução, viajaram em grupos familiares numerosos, criaram<br />

poucas entidades associativas, não se concentraram em bairros específicos das cidades em que se assentaram,<br />

adquiriram, comparativamente a outros povos imigrantes, poucas propriedades fundiárias, não destacaram<br />

nem na indústria nem no comércio, não construíram hospitais para a comunidade nem veicularam periódicos<br />

de importância e, em decorrência desses traços, na “segunda geração” já estavam bastante integrados no meio<br />

social brasileiro. No entanto, o autor não apresenta dados dos quais se possam inferir essas categóricas<br />

conclusões. Ele chega a elas através da sua interpretação da bibliografia que consultou. No capítulo IV, “A<br />

imigração para Minas Gerais e Belo Horizonte: a ação governamental”, analisa-se a vinculação da chegada de<br />

imigrantes ao Estado de Minas Gerais ao crescimento da cultura do café e à construção de estradas de ferro e<br />

comentam-se as primeiras disposições legislativas do Governo Provincial mineiro para a introdução e<br />

localização de contingentes de imigrantes e a problemática gerada por elas. O autor comenta o seguinte sobre<br />

a inserção de imigrantes espanhóis em Minas Gerais: “Apesar de impor-se no período como a segunda força<br />

imigratória em Minas, a corrente espanhola não era bem aceita. Seus componentes eram considerados<br />

agressivos e muito exigentes. Já os espanhóis viam o problema de outra maneira. Na sua versão, o que ocorria<br />

era que não aceitavam serem tratados como escravos. Faziam valer seus direitos, reivindicavam e não<br />

aceitavam desaforos de nenhum patrão, pois tinham brio e personalidade” (Silva, 2002: 85).<br />

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