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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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expressão de uma evocação senão da declaração, em presente, dos sentimentos que nele<br />

causa essa moça, a qual, pelo termo “‘show’ de Carlos Machado”, devia fazer parte de um<br />

dos elencos desse empresário dos espetáculos cariocas:<br />

Cando te chegas de mín,/ meus ollos pecho, e dimpóis,/ non sei si é que o sol se foi,/ ou si se deitóu<br />

en mín.// [..] Princesa de fantasía,/ de seu amada das rosas,/ xeito de sereia morta/ unha noite de<br />

luar;// gata persa, tenebrosa,/ coma Salomé que, ispira,/ deitóuse, a danza finida,/ ante mín, Herodes<br />

de hoxe,// que as sombrías pedras negras,/ do pecado, ao río botóu, e pensa,/ que terá quietude<br />

imensa/ na luz do ceu que perdín,// pois si te chegas de mín,/ os ollos pecho, e dimpóis,/ ¡non séi si é<br />

que o sol se fói/ ou si se deitóu en mín! (García, 1977: 117-18).<br />

O poema Morréu Zaquia Xorxe é uma elegia à vedete carioca Zaquia Jorge,<br />

empresária do Teatrinho do Bolso, em Copacabana, e do Teatro de Madureira – único<br />

teatro de rebolado do subúrbio carioca –. Zaquia Jorge (“a sereia,/ filla da beleza/ e artista<br />

do ésito”), morreu, afogada, em 22 de abril de 1957 na praia da Barra da Tijuca, aos 33<br />

anos. O poema inicia-se com os versos “¡Qué dramática historia/ para un poeta,/ e que<br />

ocasión para un bó pranto,/ si eu fose capaza de dicilo!”; dela destaca-se que “levóu teatro/<br />

da cidade imensa/ aos rueiros de Río” (García, 1977: 121).<br />

Uma anedota acontecida a García Rodríguez no Rio é o tema da poesia O profeta de<br />

Niterói (em nota de rodapé, o autor explica que Niterói “é unha cidade, frente ao Río de<br />

Xaneiro, na outra orela da bahía de Guanabara”). Cremos que esse profeta – “un home<br />

esquisito,/ a barba hastra o peito/ e os ollos moi vivos” –, cujo nome próprio não é<br />

mencionado pelo autor, poderia ser o José Datrino, apelidado como José Agradecido ou<br />

Profeta Gentileza. O autor vai a Niterói a conhecer o profeta em uma “viaxe de prazer”. Diz<br />

o autor que o “profeta” apregoava: “que o Demo é lindo/ e que nin é preto,/ nin cheira a<br />

queimado,/ nin se lle ven cornos,/ e menos un rabo./ Os danos que fái,/ fáinos por bonito./<br />

Coma un mozo novo,/ o Demo esta cheo/ de moito atrativo.” (García, 1977: 131). Esse<br />

profeta, porém, não o quis receber: “Cheguéime ao profeta./ Non quixo falarme./ Dóuse<br />

media volta,/ cheo de desprezo,/ mentras remungaba: – Iste é xornalista,/ ¡vaia pra o<br />

carallo!// E fun./ O serán morria” (García, 1977: 131). O autor encerra esse poema<br />

versejando um comentário jocoso em relação às prédicas do profeta após se ter defrontado<br />

com um negro vestido de preto: “Para chuvias na man,/ sabroso, elegante,/ pasóu un<br />

moreno,/ de preto vestido./ Unha rapacinha/ voltóu-se a miralo./ ¿Non sería o Demo? ¡Nin<br />

quero pensalo!” (García, 1977: 132).<br />

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