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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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se fecha a entrada de novos trabalhadores estrangeiros. Todavia, a problemática associada à<br />

emigração/ imigração que nos interessa é a que surge quando os objetos do fenômeno<br />

migratório – os deslocados – existem já por si mesmos na altura em que o fluxo de saídas e<br />

entradas se estanca e há espaços, condições e circunstâncias, físicos e simbólicos,<br />

relacionados diacronicamente com eles.<br />

A integração do imigrante<br />

O conceito de integração é, por si mesmo, cômico pela inconsistência relativa à sua<br />

ambigüidade. Quando o estrangeiro que presta um serviço a uma nação começa a<br />

demonstrar que a sua presença é indeterminada e que não tem data marcada para regressar<br />

definitivamente ao seu país, e quando, por motivos morais e estratégicos, observa-se que<br />

não é digna nem rentável a aglutinação de estrangeiros em guetos, discursa-se sobre a<br />

integração do imigrante e põem-se em prática políticas para a integração dos trabalhadores<br />

estrangeiros e, se as há, das suas famílias. A ambigüidade e a índole hilária da integração<br />

recaem na incoerência de tentar incorporar entes heterogêneos e mutantes no tempo – os<br />

imigrantes – em um conjunto muito amplo e versátil – a nação –. Os imigrantes, como<br />

trabalhadores, desempenham ofícios que têm pouca demanda por parte dos sujeitos<br />

nacionais e aceitam condições de vida (horários de trabalho, salários, moradia, etc.) que são<br />

criticadas pelos sujeitos nacionais. Portanto, a sua integração teria que se produzir<br />

legitimando a existência de um segmento social da nação que é inferior na sua qualidade de<br />

vida à dos campos sociais não-marginais da nação. Mas, caso as políticas públicas fossem<br />

orientadas a transmudar o imigrante em um qualificado trabalhador nacional, poder-se-ia<br />

acusar o Estado responsável por essas políticas de estar incorrendo na insensatez de um<br />

maquiavelismo amoral e antipatriótico, ao estar formando concorrentes aos trabalhadores<br />

nacionais e, em decorrência disso, por estar fomentando a hostilidade entre os naturais da<br />

nação e os estrangeiros nacionalizados, isto é, integrados 99 . Surge, assim, a complexa<br />

99 O literato e ensaísta belo-horizontino Eduardo Frieiro, filho de imigrantes galegos, transmite a seguinte<br />

opinião desesperançada a respeito das possibilidades de convívio entre o aborígine e o outro no capítulo<br />

Fogos Cruzados de O elmo de Mambrino: “Os particularismos etnográficos, geográficos, culturais, políticos e<br />

religiosos dividem os homens e os contrapõem uns aos outros, desconfiados, incompreensivos, fechados a<br />

toda simpatia. E quem diz desconfiança e incompreensão, diz também prevenção hostil, injustiça, detração.<br />

[...] O estrangeiro sempre será o inimigo, o bárbaro, como os gregos chamavam ao indivíduo estranho a sua<br />

cultura. [...] A incompreensão e a má vontade entre povos de raças, culturas ou nacionalidades diferentes nada<br />

têm que possam causar espanto, quando se sabe que os habitantes dum mesmo território nacional, desde que<br />

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