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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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nele, esse frade, torcedor do jogador “Pauliño” 637 , diz ao autor no começo do poema: “–<br />

Meu vello,/ vencéu Botafogo,/ síntome felís;/ o viño que bebo,/ coa risa que dame,/ entra<br />

pola gorxa, sái polo narís.” (García, 1977: 133). García Rodríguez, por sua vez, descreve o<br />

desconsolo das “meniñas” do Fluminense pela derrota do seu time: “As meniñas/ do<br />

Fluminense/ escondían as bagullas,/ e os paniños/ de enxoitalas,/ doéndose do tempo<br />

perdido./ Un mozo dicíalles:/ – Outro ano será./ Quen se vai non volta,/ e leva soidades/ do<br />

que véu buscar.” (García, 1977: 135). A última fala do frade reproduzida e comentada pelo<br />

autor é esta: “O padre Mateus,/ repantigado no tren,/ dicía felís:/ – Dóume a corazoada,/<br />

que o dedo de Deus/ apuntaba para mín.../ E bicaba un anaquiño/ que rachóu/ da camiseta<br />

do Pauliño.” (García, 1977: 135).Com a repetição dos sete versos do início do poema acima<br />

transcritos fecha-se o poema e, com ele, a obra Brasil, historia, xente e samba-canción.<br />

Junto ao Estado do Rio de Janeiro, são o Norte e o Nordeste os territórios brasileiros<br />

que também motivaram poemas de García Rodríguez. A única exceção a esse itinerário<br />

constitui-a o poema Porto Alegre, um soneto da terceira parte 638 . Três desses poemas sobre<br />

o Nordeste constituem, inclusive, uma das partes do livro – a segunda –, a chamada “I<br />

Coroneis, cabras, un morto e a muller da vinganza. II Winnia e Diva, poema do amor e da<br />

morte”. Na terceira parte da obra – Sonetos –, García Rodríguez dedica poemas ao<br />

Lampião, a Maria Bonita e à cidade de Olinda e, na quarta – Cantares da xente –, compõe<br />

versos sobre a cidade de Belém, sobre o capitão “Umbelino”, sobre os cangaceiros e sobre<br />

duas expressões culturais: a procissão da aleluia e o “mallar do Xudas”.<br />

637 A menção a Paulinho e, sobretudo, ao dado de que esse jogador marcara cinco dos seis tentos do Flamengo<br />

(“Paulino marcóu/ cinco dos seis gols./ ¡Pauliño é o millor!” García, 1977: 134) permitem-nos comprovar a<br />

data dessa atividade esportiva convertida em tema poético por García Rodríguez. A vitória do Flamengo sobre<br />

o Fluminense (6x2), no Maracaná, com a presença de 89.100 torcedores, teve lugar aos 22 de dezembro de<br />

1957.<br />

638 O soneto Porto Alegre é dedicado à “ilustre poetisa portuguesa Anabel Paul”. Anabel Paul assinara o<br />

Prólogo do texto intitulado Poema da morte do guerrilleiro e do vello das brancas guedellas, publicado em<br />

1976 por García Rodríguez na Editorial Galaxia. No soneto (García, 1977: 73), o autor verseja a fundação da<br />

“grande urbe” por “sesenta casals de namorados”. Supõe-se que o autor canta à cidade in loco, pois assevera:<br />

“Hoxe tés de grande urbe bós primores,/ mais gosto de evocar tempos passados.../ Pola Rúa da Praia van,<br />

cansados/ de tanto te cantar, meus reiseñores.// Porto Alegre de outrora, niste istante,/ o destiño que temos por<br />

diante,/ non é cousa de verbas nin de nomes.” O terceto final recolhe o que poderia ser interpretado como uma<br />

exaltação libertária do autor (“Coma o sol que alumea moitas illas,/ a túa revolución dos Farroupillas,/ nos<br />

amostra o camiño de ser homes”), atenuada, no entanto, pelo caráter prosaico do seu esclarecimento sobre os<br />

farroupilhas recolhido em nota de rodapé (FARROUPILLAS. – Revolucionarios do Río Grande do Sul, tan<br />

probes e seus vestidos tan farrapentos, que pasaron á historia co-ise nome. No castelán harapientos).<br />

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