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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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instintos mais tipicamente familiares, criando-se a identificação entre a propriedade ou a<br />

posse rural – “um pedaço de território nacional” – e os homens “autóctones, indígenas,<br />

peculiares, inconfundíveis”, “aborígines”. De agricultores nacionais, confessa Las Casas,<br />

ele gostaria que estivesse “a minha pátria cheia”.<br />

“A libertação econômica” para o Estado ideal, norma quarta, consiste na autarquia,<br />

isto é, na libertação, da economia estatal, da dependência de importações e do comércio<br />

exterior. A norma quinta – “O fortalecimento da personalidade nacional” – almeja a<br />

singularização nacional mediante o fortalecimento da individualidade nacional “no<br />

concerto polífono das raças” (Las Casas, 1937b: 124). Las Casas propõe uma arqueologia<br />

dos valores puros nacionais custodiados nos ambientes rurais mais virgens, com vistas ao<br />

seu estudo e à sua atualização. Assim, diz, “Os nossos músicos, os nossos pintores, os<br />

nossos arquitetos, todos os nossos artistas enfim, hão de buscar no indígena os seus temas<br />

de inspiração” (Las Casas, 1937b: 124). A concentração da atenção dos estudos de<br />

cientistas e pensadores há de estar, igualmente, nos problemas da realidade nacional; isto é,<br />

a produção intelectual e científica há de ser nacionalista. A esse respeito, o autor ressalta<br />

que é preciso que o adventício se possa reconhecer como tal ao se estranhar perante uma<br />

realidade social com a qual ele não se identifica:<br />

Quando o forasteiro chegar ao nosso país deve sentir-se estrangeiro, sempre estrangeiro, o qual não<br />

excluirá – antes ao contrário – que nos compreenda e nos ame; nossas comidas, nossos vestidos,<br />

nossos hábitos, nosso idioma, tudo lhe deve ser estranho porque tudo deverá responder a uma<br />

geografia e a um caráter que não é o seu. Não há nada tão repulsivo como as mistificações (Las<br />

Casas, 1937b: 125).<br />

“A organização hierárquica da vida”, ponto sexto, visa o escalamento da sociedade<br />

em categorias herméticas – “castas” 513 – regidas segundo a responsabilidade da função que<br />

os sujeitos exerçam. Las Casas relaciona as “castas” com os grêmios ou as corporações de<br />

ofícios, e não entende que, na ocupação de profissões, possa haver, a priori, a combinação<br />

de classes ou a ascensão social. Ele entende que a profissão está ligada geneticamente, por<br />

513 Las Casas (1937b: 125) diferencia entre “castas” e “classes sociais”. As primeiras dependem da função que<br />

o indivíduo exerça em benefício da sua nação e do Estado, isto é, do poder simbólico que assuma o seu<br />

desempenho; as segundas dependem do poder econômico. Ele rejeita a organização da sociedade segundo este<br />

último tipo de poder e defende uma intransponível estruturação meritocrática: “Ordenação escalonada, não<br />

conforme a classes sociais sempre opostas e discordantes, não aceitando o sistema econômico de vida para a<br />

estruturação do povo, senão em consonância com a qualidade das atividades a realizar, e, tão rígida, tão em<br />

castas – não me assusta a palavra – que nunca seja possível a intromissão dos inferiores na órbita de ação dos<br />

superiores”.<br />

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