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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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faça crer que Presença de Espanha foi publicada com o aval ou com o apoio da Embaixada<br />

de Espanha no Rio. É claro que tal produto encaixava-se no tipo de investigações que<br />

publicava o Instituto de Cultura Hispânica. Mas esse não foi o caso; a obra foi publicada<br />

por pequenas editoras cariocas privadas: Organização Simões e Gráfica Olímpica Editôra.<br />

Nenhum dos produtos que, como hispanista, compôs Pinto do Carmo foi publicado na<br />

Espanha, embora tenha obras publicadas em Bogotá, La Paz, Montevidéu e Buenos Aires.<br />

Todavia, acreditamos que Presença de Espanha é ainda o estudo mais rico em informações<br />

dos publicados no Brasil e na Espanha sobre o compartilhamento pelo Brasil do repertório<br />

cultural espanhol. Além disso, contempla os aportes dos imigrantes ao repertório espanhol<br />

da cultura brasileira.<br />

A revista Cultura era editada pelo Ministério da Educação e Cultura. Fora criada<br />

durante a administração do general Médici. A “Edição especial em homenagem à<br />

contribuição da Espanha na formação da cultura brasileira” correspondeu ao n. 35 da<br />

revista (ano 10; jul./ dez. 1980). Interpretamos esse n. 35 como um gesto de simpatia, e de<br />

reconhecimento, do governo do Brasil ao Reino de Espanha, sendo a primeira matéria uma<br />

declaração de gratidão e amizade assinada pelo presidente João Figueiredo. De fato, a<br />

revista ressalta a contribuição da cultura espanhola à formação do Brasil. A expressão da<br />

aquiescência com o teor dos discursos da revista por parte do governo espanhol plasma-a a<br />

mensagem iberista que se segue à de Figueiredo 367 , rubricada pelo Chefe de Estado, o rei<br />

Juan Carlos 368 . Essa publicação é do nosso interesse porque nela patenteia-se o que, para as<br />

367 Este é o discurso de João Figueiredo (Cultura, 1980: 5): “O tempo e a história nos ensinaram a reconhecer<br />

e preservar a contribuição espanhola na formação da cultura brasileira. Nas mais representativas formas de<br />

manifestação da nossa criação popular e erudita, nos mais diversos matizes da expressão cultural das nossas<br />

origens encontram-se elementos que evidenciam os laços que unem o Brasil à Espanha. Hoje, claramente<br />

definidos os contornos da nossa nacionalidade, sentimo-nos orgulhosos de poder vislumbrar na trajetória das<br />

relações com o País amigo o contínuo estreitamento desses laços com base na fraternidade. Sobretudo por<br />

sabermos que essa fraternidade cultivada ao longo de tantos anos corresponde aos anseios do momento<br />

histórico e ao sentimento mais vivo das duas Nações. Com este número especial de Cultura o Governo e o<br />

povo brasileiros prestam uma afetuosa homenagem à Espanha, ao mesmo tempo em que reafirmam a estima<br />

alimentada nestes quase cinco séculos de fraternal convivência”.<br />

368 O discurso de D. Juan Carlos de Bourbon assenta-se na reivindicação do patrimônio ibérico compartilhado<br />

pela Espanha e pelo Brasil, convertendo-se, em conseqüência, em uma chamada à unidade latino-americana.<br />

Trata-se de um paradigma discursivo dos anos que antecederam à entrada de Espanha na União Européia,<br />

quando o governo desse reino contemplava a possibilidade da criação de uma comunidade ibero-americana de<br />

nações e se propunha coordenar os labores para esse fim. A declaração do rei é esta: É para mim uma<br />

satisfação aproveitar a oportunidade que me brinda a revista Cultura para enviar umas linhas de saudação à<br />

nobre Nação brasileira. O Brasil e a Espanha têm como patrimônio comum a realidade cultural herdada de sua<br />

latinidade, de seu iberismo. Gil Vicente e Camões foram poetas bilíngües. Cervantes escreveu em português.<br />

Diego Velázquez da Silva tinha sangue português e Francisco Suárez, nosso filósofo, catedrático em Coimbra,<br />

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