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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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constam na obra –, faz-nos supor que, embora impresso no Brasil, o livro estava em parte<br />

destinado a leitores espanhóis e hispano-americanos 435 .<br />

A autoria do prólogo é de Antenor Nascentes, “Catedrático del Colegio Pedro II de<br />

Rio de Janeiro”, quem comenta como travara amizade com o autor e traça um perfil<br />

biobiográfico dele 436 . Antenor Nascentes, sem indicar datas, informa que conheceu José<br />

Casais, então servidor da embaixada espanhola em Buenos Aires, na embaixada da Espanha<br />

em Santiago de Chile, quando conversaram “sobre a beleza da baía de Guanabara, sobre o<br />

calor da cidade maravilhosa, custo da vida, o ambiente intelectual, o artístico” (Casais,<br />

1940: 5). Voltaram a se encontrar em duas outras ocasiões, ambas no Rio, a primeira delas<br />

muito breve, durante uma escala de um vapor em que Casais viajava desde Buenos Aires à<br />

Espanha e, a segunda delas, bastante cumprida – a geradora do livro –, de forma que ela<br />

permitira a Casais percorrer, segundo Nascentes, quase todos os estados brasileiros. Na<br />

apresentação que faz de Casais, Nascentes ressalta o seguinte:<br />

D. José Casais é um galego cem por cento. Nasceu na cidade de Santiago de Compostela, tão célebre<br />

nos tempos medievais por causa das peregrinações que lá iam venerar o túmulo do Apóstolo. Tem<br />

honra de dizer-se “gallego, gallego y gallego”.<br />

Aos vinte anos obtinha o grau de licenciado em direito pela Universidade de Santiago, com prêmio<br />

extraordinário. No ano seguinte doutorava-se na Universidade de Madri.<br />

435 Desconhecemos qual foi a tiragem da obra, mas não deveu ser pequena pois na p. 4 foi escrito que “De<br />

este libro se ha hecho una edición en papel pergamino, limitada a cincuenta ejemplares, numerados de 1 a<br />

50”. Trata-se de uma obra fácil de encontrar em sebos.<br />

436 Consideramos que Antenor Nascentes compartilhava com José Casais a mesma concepção do turismo<br />

moderno, embora ele tivesse mostrado menor interesse pelos aspectos econômicos dos lugares pelos quais<br />

passou e aos quais se referiu no único livro de viagens que escreveu. Em 1937, três anos antes da publicação<br />

de Un turista en el Brasil, Antenor Nascentes publicara um livro com o relato de uma longa viagem que<br />

empreendera no início de 1936 por Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e<br />

a ilha de Trinidad. Intitulou-se América do Sul e constituiu o volume 13º da Coleção Viagens da paulista<br />

Companhia Editora Nacional. Antenor Nascentes realizou essa longa viagem como turista e direcionou a sua<br />

narração a possíveis viajantes que se interessassem pelos destinos que ele escolhera. De fato, na Conclusão da<br />

obra informa a esses turistas das exigências policiais que terão que satisfazer para se deslocarem pelos países<br />

que ele percorrera e, ao longo da obra, sugere possíveis roteiros, mostra os seus pareceres sobre aquilo que<br />

vale a pena visitar ao viajante brasileiro e recomenda-lhe hospedagens. O autor abre América do Sul<br />

justificando a sua viagem. Assim, expõe que ele, qüinquagenário, decidira descansar do “mundo” mediante<br />

um périplo, no Sul do continente americano, pelo desconhecido. A obra pretende mostrar aos leitores<br />

brasileiros destinos turísticos na América do Sul que o autor considera pouco freqüentados por eles. Por isso,<br />

inicia a sua narração na pampa Argentina; desbota, portanto, considerações sobre Buenos Aires e Montevidéu,<br />

pois ele supõe que os seus prováveis leitores possuem fartas informações a respeito dessas duas cidades:<br />

“Qual o brasileiro de bom gosto que ainda não se deu o trabalho de visitar estes sítios encantadores? Livros,<br />

artigos de jornais e revistas aparecem constantemente, ocupando-se com as capitais platinas. Para quê, pois,<br />

cansar os meus leitores com a descrição delas? Interessa mais o interior da Argentina, o pampa. Raros o<br />

visitam” (Nascentes, 1937: 8).<br />

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