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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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desonrosos do fenômeno e dos seus efeitos e são criadas as condições de possibilidade para<br />

a reintegração dos emigrantes.<br />

Os vínculos do imigrante com a sua pátria<br />

Os projetos de estadia empregatícia no Brasil dos imigrantes galegos levavam<br />

associada a intenção de retorno à Galiza. A freqüente e comum postergação da volta fez<br />

com que muitos desses imigrantes se instalassem em uma conjuntura ambígua na qual não<br />

se apreciava se, nessa residência no exterior, primava o caráter provisório ou o arraigo<br />

duradouro. A intensa sensação de transitoriedade era por eles fomentada. Eles mantinham o<br />

vínculo com os seus lugares de origem como um mecanismo de defesa para se protegerem<br />

perante a estranheza que suscitava a sua presença e como um modo de espantar a evidente<br />

ameaça de não regressarem. Se o imigrante reconhecesse as dificuldades para o retorno<br />

definitivo, contribuiria ao distanciamento com o espaço da sua identidade, favorecendo a<br />

diluição ou a fossilização desta nos campos da sociedade receptora.<br />

A porfia de alguns imigrantes em se interessarem por uma pátria em que não<br />

residiam e a sua firmeza na conservação dos laços de união com essa pátria não foram<br />

somente conseqüência de uma querência gratuita e da quimera do próximo retorno. Essa<br />

teima podia reportar-lhes um estatuto distinto perante a sociedade receptora. O<br />

autoconvencimento da sua transitoriedade permitiu que eles acreditassem, em primeiro<br />

lugar, na inutilidade de se assentarem plenamente e, em segundo lugar, no proveito do<br />

investimento na conservação dos elos com a pátria à que regressariam.<br />

Contudo, será a conjuntura sociopolítica de cada momento e de ambos os espaços –<br />

o da emigração e o da imigração – a que impelirá os trabalhadores estrangeiros a assumir<br />

ou a rechaçar em diversos graus o direito-dever à diferença cultural. A aculturação e,<br />

inclusive, a assimilação que, desde os governos brasileiros, foram pretendidas para os<br />

imigrantes tiveram, pois, que defrontar resistências baseadas na impermeabilidade<br />

etnocentrista. Mas essas resistências só se puderam manter quando as representações<br />

identitárias tiveram avaliação favorável entre os nativos e quando receberam o amparo<br />

institucional da pátria de origem. É claro que a evolução da experiência individual do<br />

imigrante, as transformações da sua identidade e os graus da sua aculturação dependeram<br />

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