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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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tipo soberbo de ‘comunero’ que um dia ousou afrontar todo o poderio de Carlos V nos<br />

campos de Villalar” (Ellis, 1934: 162) 237 . Para ele é nítida a translação ao Brasil, na figura<br />

do imigrante espanhol, com independência da região da sua procedência, do estereótipo do<br />

fidalgo individualista, galhardo mas bronco. Todavia, ele mostra o seu convencimento de<br />

que a primeira geração de descendentes dos imigrantes “castelhanos” adquiriria<br />

plenamente, e sem traumas, o caráter paulista, devido às similitudes entre as tradições<br />

castelhanas e paulistas, vinculadas entre si pelo substrato ibérico que compartilhavam:<br />

Esses velhos castelhanos emigrados logo desaparecerão por completo, para dar lugar as suas<br />

progênies, estas perfeitamente apaulistanadas, sem o menor desnível com a massa mental da<br />

população. É que temos as mesmas origens ibéricas. As nossas fronteiras étnicas correm pelas<br />

cumeadas dos Pyrineus. Algumas das suas tradições são também as nossas, desde esse dia luminoso<br />

das Navas de Tolosa, ou dos 60 anos em que os reis da Hespanha também empunhavam o cetro do<br />

imortal Portugal, quando os leões de Castela substituíram as quinas lusitanas tombadas nos areais<br />

marroquinos de Alcacer Kibir (Ellis, 1934: 163).<br />

Logo de esse trabalho, em 1936, Alfredo Ellis publicou um ensaio antropológico e<br />

etnográfico em que reflete a respeito das conseqüências da combinação entre raça, meio<br />

físico e meio social no processo de formação da sociedade paulista durante a época<br />

colonial. Intitula-se Os primeiros troncos paulistas e o cruzamento euro-americano (Ellis,<br />

1936); nele valoriza positivamente a contribuição das correntes imigratórias estrangeiras,<br />

durante o séc. XIX, à grandeza de São Paulo, mas esclarece que a força de trabalho e os<br />

modelos de comportamento dos estrangeiros não supuseram uma influência determinante<br />

para o alcance da opulência que São Paulo desfrutava, pois a evolução social de São Paulo<br />

durante a colônia já determinara, por si só, o “agrupamento humano superiormente dotado”<br />

(Ellis, 1936: 350) que caracterizava São Paulo. Ao se referir, no Capítulo IX (Seleções<br />

migratória, mesológica, patológica e sexual – Consangüinidade), aos colonos da Capitania<br />

de São Paulo da segunda metade do séc. XVI, Ellis (1936: 122) menciona três galegos:<br />

237 A visão de Ellis sobre os imigrantes espanhóis em São Paulo chega a parecer hilária quando se refere, de<br />

uma perspectiva higienista e eugênica, ao “aspecto fisiológico” desses sujeitos. Elis (1934, 167-68) avalia<br />

positivamente o aparelho digestivo, o aparelho circulatório, o sistema nervoso e a resistência às endemias dos<br />

imigrantes espanhóis. Esse tipo de considerações, no entanto, fez parte das pesquisas realizadas após o<br />

Congresso de Eugenia, julho de 1929, em relação à seleção de imigrantes para o Brasil. Em Ensaios de<br />

Anthropologia Brasiliana (Roquette-Pinto, 1933: 73-74) destaca que “O Primeiro Congresso Brasileiro de<br />

Eugenia chama a atenção dos poderes públicos para o fato de que a saúde física do imigrante e a sua robustez<br />

muscular não bastam como característicos do valor eugênico do individuo, o qual só pode ser aferido pela<br />

apreciação das qualidades mentais e morais em que se traduzem os atributos profundos de sua herança e,<br />

portanto, do seu valor como elemento racial”.<br />

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