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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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sobre a inepta escrupulosidade de imigrantes interesseiros desconhecedores dos códigos<br />

sociais do interior do país 183 .<br />

A volta do marido pródigo recolhe um aspecto da presença espanhola em Minas que<br />

difere das características dessa presença em Belo Horizonte e que nos leva a nos deparar<br />

com os primeiros destinos da mão-de-obra imigrante espanhola. Décadas antes que se<br />

iniciasse a construção de Belo Horizonte, o governo, primeiro da Província e, a partir de<br />

1889, do estado de Minas Gerais, adotara medidas tendentes a suprir o trabalho escravo na<br />

mineração e, sobretudo, na, a meados do séc. XIX, incipiente lavoura do café, com<br />

imigrantes procedentes da Europa 184 . A história desse processo, até o ano 1930 185 , foi<br />

estudada por Norma de Góes Monteiro em uma tese de doutorado intitulada Imigração e<br />

colonização em Minas (1889-1930) defendida em 1973 na UFMG 186 e publicada nesse<br />

183 Embora na produção de Rosa só se possa registrar uma alusão aos galegos, ele era conhecedor, ou<br />

fabulador, de sua origem familiar sueva devido à genealogia de seu sobrenome “Guimarães”. Enfatizando a<br />

vocação emigrante do povo suevo, a cepa genealógica minhoto-duriense da qual Rosa presumia fora integrada<br />

na sua constelação literária, conforme Rosa manifesta na entrevista concedida em 1965 ao jornalista alemão<br />

Günter Lorenz (1995: 30). Deve-se salientar que, nessa entrevista, Rosa interpreta o destino errante do povo<br />

suevo como responsável pelo fato de seus antepassados “se apegarem com tanto desespero àquele pedaço de<br />

terra que se chama sertão. E eu também estou apegado a ele...”.<br />

184 Na Zona da Mata, no Sudeste mineiro, há um município cujo topônimo, de origem obscura, parece ser<br />

conseqüência da passagem de imigrantes espanhóis pela região. Trata-se do município de Mar de Espanha,<br />

cujo significado é assim explicado por Joaquim Ribeiro Costa (1997: 274) no seu livro Toponímia de Minas<br />

Gerais: “MAR <strong>DE</strong> ESPANHA – Top. de or. obscura, embora haja a tradição local de que teria surgido da<br />

exclamação de um dos primeiros povoadores, de nacionalidade espanhola, o qual, ante o espetáculo da<br />

confluência dos rios Paraibuna e Piabanha, em dia de grande cheia, teria dito: “Parece mar... um mar de<br />

Espanha!...” A expressão agradou a um fazendeiro, que a aproveitou para a denominação de sua fazenda. Cur.<br />

de N. S. das Mercês do Cágado, da paróq. de São José do Paraíba, por dec. imperial de 14-VII-1832. Dist.,<br />

mun. e vila, com o nome at., pela lei nº 514 de 10-IX-1851, que para ali transf. a sede do mun. de São João<br />

Nepomuceno”.<br />

185 Norma de Góes Monteiro coordenou, em 1980, o VI Seminário de Estudos Mineiros da Universidade<br />

Federal de Minas Gerais (UFMG), dedicado à revolução de 1930, por ocasião do seu cinqüentenário. Nas atas<br />

do seminário há dois trabalhos que proporcionam alguns apontamentos úteis para os fins desta tese. Por um<br />

lado está o trabalho de Eliana Regina de Freitas Dutra (Seminário de Estudos Mineiros, 1987: 115-32), em<br />

que se menciona a participação do elemento imigrante nas práticas sociais do operariado de Juiz de Fora. Por<br />

outro lado, no trabalho Manifestações político-sociais da população belorizontina: 1930-37 (Seminário de<br />

Estudos Mineiros, 1987: 199-227) encontramos úteis referências ao papel da colônia italiana na fundação do<br />

Partido Integralista em Belo Horizonte a meados da década de 1930. Por sua vez, o imaginário político<br />

relativo ao integralismo mineiro da década de 1930 foi estudado por Eliana Dutra em O ardil totalitário<br />

(Dutra, 1997).<br />

186 Berenice Martins Guimarães e Sérgio de Azevedo organizaram um catálogo crítico sobre a produção<br />

acadêmica que teve como alvo os campos sociais de Belo Horizonte. Eles identificaram um total de 449<br />

trabalhos produzidos entre 1920 e 1994, entre teses, dissertações e monografias de Universidades e<br />

Instituições Isoladas de Ensino Superior, nacionais e estrangeiras, com cursos regulares de pós-graduação<br />

stricto sensu reconhecidos pelo Ministério da Educação. Dentre todos esses trabalhos, os organizadores do<br />

livro, intitulado Belo Horizonte em tese, só localizaram um dedicado especificamente aos imigrantes<br />

estrangeiros. Trata-se da tese de Norma de Góes Monteiro (Belo Horizonte em tese, 1995: 29, 46, 283). De<br />

todas as formas, no catálogo também consta uma dissertação de mestrado em economia, de Lea Melo da<br />

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