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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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atenção”, com uma considerável atividade fabril e com dois bonitos bairros residenciais, o<br />

Farol e o Bebedouro 548 . Informa Las Casas, na seção Os mortos, que a história do Estado de<br />

Alagoas permite denominá-lo “a terra dos guerreiros”, pois nela nasceram os presidentes<br />

Gen. Deodoro da Fonseca, Gen. Floriano Peixoto e o ministro Gen. Góis Monteiro, e que<br />

ele captou a vigência desse caráter distintivo em um desfile de colegiais o 7 de setembro<br />

(“vendo o desfile de milhares de colegiais, pareceu-me observar neles uma vocação marcial<br />

que outras vezes não tinha encontrado” Las Casas, 1939: 127).<br />

Las Casas recomenda aos visitantes que peguem o bonde do Bebedouro e que vão<br />

até o final da linha, pois verão um bairro operário “repleto de moças lindíssimas (não há no<br />

mundo nada comparável à pele da gente alagona) e verde como uma paisagem suíça” e<br />

passarão por umas chácaras que fazem lembrar o Sul da França (“vocês abrirão muito os<br />

olhos e dirão assombrados: oh!!!, como qualquer turista norte-americano na Praça da<br />

Concórdia ou em Westminster” Las Casas, 1939: 126). O autor salienta, dentre essas<br />

chácaras, o palácio de Dona Iná, uma “dama arqui-milionária”, absentista de Maceió, mas<br />

de grande prestígio entre a povoação, que decorou a sua casa:<br />

de quadros famosos, pratas antigas, louças raras, mobílias valiosas, livros de mérito... Com certeza,<br />

vocês pensam, como em pensei, em Conan Doyle, ou, melhor ainda, no seu Sherlock-Holmes, o<br />

detective que nos fascinou aos quinze anos. Porque esta casa parece feita de propósito para um<br />

romance policial. (Ah, meu Eça, transplantando para aqui o Crime da estrada de Sintra!). Feros cães<br />

que uivam entre o espesso arvoredo do parque, um velho porteiro que não responde às direitas,<br />

janelas sempre fechadas, um óleo de Leonardo da Vinci, um judeu austríaco capaz de matar o pai<br />

pelo prazer de possuir um quadro famoso... Até eu seria capaz de competir com Ed. Wallace (Las<br />

Casas, 1939: 127).<br />

De Maceió vai a Aracajú combinando ônibus – até Penedo –, “canoa” – pelo rio São<br />

Francisco, de Penedo até Propiá –, e trem – de Propiá a Aracajú –. No breve relato dessa<br />

viagem abundam as referências à paisagem, à gente e às coisas européias. Assim, as lagoas<br />

no entorno da cidade de Penedo lembram-lhe “vales suíços”, na canoa, por sua vez<br />

548 O principal acompanhante de Las Casas em Maceió parece ter sido Jacinto Cavalcanti, a quem se referiu<br />

na seção Um almoço: “Quisera recomendar-lhes o meu grande amigo sr. Jacinto Cavalcanti, alagoano, mas...<br />

vive em Manaus (Manaus do meu coração!) e eu só casualmente o encontrei cá. E que sorte que eu tive! Foi<br />

por ele que sua veneranda mãe me ofereceu um dos almoços mais saborosos que mãos humanas podem<br />

cozinhar: carapebas, que são peixes dignos das “ladies” de Oscar Wilde, e siris, que são mariscos que Deus<br />

fez para abater os orgulhos de Marennes; de sobremesa frutas do conde – aqui chamam pinhas – grandes<br />

como melancias e doces como as canas de Tiuma. O sr. Jacinto é uma jóia, mas... está em Manaus, e só<br />

aparece cá de cinco em cinco anos. Sinto por vocês” (Las Casas, 1939: 128-29).<br />

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