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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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universidade de arte”, informa da influência da tauromaquia no léxico espanhol e assinala<br />

as touradas como fonte de um repertório cultural (“Quantos motivos belos de poesia,<br />

música, escultura e dança têm sido sugeridos pelas corridas de touros? [...] Quase toda a<br />

arte espanhola, genuinamente castelhana e andaluza, guarda uma imensidade de ritmos<br />

tauromáquicos” Silveira, 1956: 201). Como exemplos dos artistas e poetas que recorreram<br />

ao repertório taurino para as suas criações, põe a Goya e a Lorca. Do primeiro, Silveira<br />

(1956: 202) diz que foi “o insolente panfletário da pintura espanhola”, e, em relação à sua<br />

produção, pondera “Embora o touro esteja ausente das suas telas a óleo ele está no seu<br />

subconsciente, no subterrâneo das suas intenções, nas águas-fortes das suas esplêndidas<br />

gravuras”. Do segundo, pontifica: “García Lorca, por exemplo, encontrou os ritmos mais<br />

impressionantes da sua poesia e do seu vocabulário nas ardentes crateras dos ruedos...”.<br />

Em relação aos pareceres sobre o campo cultural da Espanha, é também de interesse<br />

o produto de Paulo da Silveira. Ensaios Europeus, publicado pela Livraria José Olympio<br />

Editora, reúne estudos que já foram divulgados pelo Jornal do Comércio, por O Estado de<br />

S. Paulo e por O Jornal. Refletem os conhecimentos adquiridos pelo autor durante uns<br />

cinqüenta anos de vida cosmopolita na Europa. O autor, nascido na capital federal em 1891,<br />

cursara o Ensino Médio no Colégio Thompson, em Londres, e no Licée Louis le Grand, em<br />

Paris. Em 1924 foi nomeado para servir como Delegado Técnico do Brasil junto à Liga das<br />

Nações em Genebra e, em 1953, o Ministério das relações Exteriores designou-no professor<br />

de literatura brasileira na cátedra de Estudos Brasileiros na Faculdade de Filosofia e Letras<br />

da Universidade de Madri. Comparativamente, os ensaios dedicados a temas espanhóis são<br />

os menos. A maior parte da obra compreende reflexões do autor sobre temas culturais<br />

relativos, sobretudo e por esta ordem, ao Reino Unido, à França, à Itália e a Portugal. A<br />

primeira grande referência a um agente da cultura espanhol está inserida no capítulo O<br />

homem de letras será julgado. Nele contrapõe o posicionamento de Pío Baroja ao de Jean-<br />

Paul Sartre a respeito do compromisso social dos escritores. Silveira toma partido em<br />

contra de Baroja, pois não crê que as idéias literárias não repercutam nas ações dos seres<br />

momento supremo, quando o Espada vai dar o golpe de morte no touro”. E são estes: “Manolete!/ Eterna<br />

fonte inspiradora,/ De dança e de pintura,/ De música e escultura/ Dessa Espanha surpreendente!/ Novos<br />

ritmos de arte/ Surgem dos teus felinos movimentos,/ No meio de “la Plaza” colorida/ De emoções e capas<br />

desfraldadas!/ Entre os mágicos cornos do miura/ O teu corpo é um epitáfio de coragem/ Sobre a tua própria<br />

sepultura!” (Silveira, 1956: 201).<br />

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