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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Sampaio, A viagem de Suzete e A fada de Coral, e nas revistas de Álvaro Peres O pauzinho<br />

e Atlântica 394 .<br />

Pinto do Carmo (1959: 86-89) menciona várias companhias espanholas que<br />

representaram no Rio de Janeiro nas duas primeiras décadas do séc. XX. Na temporada de<br />

1908 lá esteve a companhia de Maria Guerrero, que encenou obras de Lope de Vega, de<br />

Calderón de la Barca, de Tirso de Molina, de Zorrilla, de Echegaray, dos irmãos Quintero e<br />

Eusebio Blanco. Nessa mesma temporada também estiveram no Rio o conjunto de operetas<br />

encabeçado pelo cômico Sagi Barbi e o grupo de zarzuelas dirigido por Carlos Silvani. Em<br />

1919, atuou no Teatro Principal carioca a companhia orientada por Ernesto Vilches.<br />

Todavia, foi em 1923 quando uma companhia espanhola – a de Eulogio Velasco – obteve o<br />

maior sucesso no período indicado na então capital do Brasil. Pinto do Carmo menciona<br />

que a obra encenada com a que essa companhia se estreou, no Teatro São Pedro, foi Arcoíris.<br />

Posteriormente, em junho de 1950, obteve sucesso no Rio o grupo dirigido por Roberto<br />

Ximenez. Pinto do Carmo (1959: 89-91) menciona também o passo de ilusionistas<br />

espanhóis pelos palcos e salões brasileiros na primeira metade do séc. XX e nomeia os<br />

artistas de cinema nascidos na Espanha. Os mágicos foram o madrileno Leon Argora, o<br />

sevilhano José A. Guerra – o Roxy – e o malaguenho José Comitre – apelidado Rocambole<br />

(Azevedo, 2002: 13-14). Pepa Ruiz interpretou o papel de “Lola”, uma coquete pilantra que, sendo uma<br />

“ilhoa”, se faz passar por espanhola e que é percebida pelos homens da comédia como uma espanhola bonita,<br />

o qual na obra é sinônimo de andaluza, embora ela diga, na cena III do ato terceiro, que a sua mãe mora em<br />

Valladolid. Em um diálogo com Eusébio – um caipira rico que Lola seduz para o estafar – ela esclarece o<br />

seguinte perante a surpresa desse homem ao entende-la apesar de ela se declarar estrangeira: “Eu sou<br />

espanhola e... o senhor sabe... o espanhol parece-se muito com o português; por exemplo: hombre, homem;<br />

mujer, mulher” (Azevedo, 2002: 44). Nesse sentido, a única expressão espanhola que Lola usa é a interjeição<br />

“Caracoles”, em um diálogo com o gerente do Grande Hotel da Capital Federal no início da obra – cena IV do<br />

primeiro ato – (Azevedo, 2002: 7). Na cena seguinte, após a aparição de Lola, em um diálogo entre esse<br />

gerente e o personagem Figueiredo – um boêmio cínico e ardiloso – contrastam-se as “estrangeiras” e as<br />

“mulatas”: “FIGUEIREDO – Está enganado. Essas estrangeiras não t~em o menor encanto para mim. O<br />

GERENTE – Não conheço ninguém mais pessimista que o senhor. FIGUEIREDO – Fale-me de uma<br />

trigueira... bem trigueira, bem carregada... O GERENTE – Uma mulata? FIGUEIREDO – Uma mulata, sim!<br />

Eu digo trigiera por ser menor rebarbativo. Isso é que é nosso, é o que vai com o nosso temperamento e o<br />

nosso sangue! E quanto mais dengosa for a mulata, melhor! Ioiô, eu posso? Entrar de caixeiro, sair como<br />

sócio?... Você já esteve na Bahia, seu Lopes?”. No segundo ato, na cena IV, Lola entra “ricamente fantasiada<br />

à espanhola” (Azevedo, 2002: 53) e, na cena VIII, a Espanha é mencionada como “o país da castanhola”<br />

(Azevedo, 2002: 59).<br />

394 Além de Pepa Ruiz, Pinto do Carmo (1960: 84-85) cita Leonor Rivero, Sofia Camps, quem “se distinguiu<br />

na zarzuela A dama dos ouros, de Prieto e Ruega”, Jualia Plá, “do conjunto de sua conterrânea Marcelina<br />

Cuarenta”, Pepita Aglada, Zaragozi, Elodia Miola, Ismenia Mateos e Davina Fraga. Segundo Pinto do Carmo<br />

“No período 1881-1890, o noticiário teatral acusa a presença de várias zarzuelas e, afirma-se, não foram<br />

poucas as atrizes espanholas que aqui se radicaram pelo casamento”. Na década de 1920 estabeleceram-se no<br />

Brasil as atrizes Maria Caballé, Isabelita Ruiz e Tina Jarque (1960: 87).<br />

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