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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Na labareda dos trópicos<br />

Levando um pouco mais de ano e meio no Brasil, e publicadas já no Brasil cinco<br />

obras – Espanha; gênese da revolução, Oraciones y consejos de amor 526 , Angustia das<br />

nossas horas, Sonetos Brasileños 527 e Os Dois –, a meados de 1938 Las Casas declara, no<br />

Prefácio de Na labareda dos trópicos, que decidira empreender uma viagem para conhecer<br />

o país que “tão cordialmente” o acolhera nos dias “mais difíceis” da sua vida, indo além do<br />

eixo metropolitano Rio – ao qual, até então, se restringira. Essa viagem é assumida por Las<br />

Casas como a sua despedida prudente do Brasil (“Circunstâncias imprevistas podem<br />

afastar-me daqui a qualquer hora, e não quisera ter o remorso, amanhã, de haver reduzido a<br />

minha permanência aqui ao eixo metropolitano Rio-São Paulo” Las Casas, 1939: 5). Assim,<br />

perante a incerteza com que se apresenta o seu futuro, faz questão de ressaltar que sempre<br />

lembrará candidamente o Brasil exótico que descobrira durante a sua viagem:<br />

Não sei que será da minha vida, mas, sejam quais forem seus rumos, quaisquer que sejam os destinos<br />

que Deus me depare, morrerei sonhando com este Brasil que acabo de visitar. Sonhando com voltar a<br />

cheirar os cósmicos bosques amazônicos, a passear nas ruas risonhas de Belém, a sentir o drama<br />

torturante dos sertões, a sentir nas claras lições administrativas da Paraíba, a ver a luz celestial de<br />

Recife, a acariciar as peles quentes e acetinadas da gente alagoana, a sorrir na graça helênica de<br />

Aracajú; sonhando com voltar a viver na Bahia – um dia só! – Bahia de Todos os Santos e de todas<br />

as raças, Bahia doirada e verde como as nuvens dos querubins, Bahia amorosa como o colo materno,<br />

Bahia amiga como irmãzinha pequena (Las Casas, 1939: 8).<br />

Dos apontamentos tomados nessa travessia surgiu Na labareda dos trópicos, que o<br />

autor (Las Casas, 1939: 8) define como um “diário de viagem” contendo as suas<br />

impressões, “escrito às pressas, descuidadamente, sem preocupação literária, apenas para<br />

contar o que fui vendo” em relação ao qual faz a seguinte captatio benevolentiae: “Peço a<br />

Deus que só caia em mãos de gente amiga. Só ela saberia desculpar, bondosamente, o delito<br />

de ter escrito um livro tão pobre para tema tão rico e fulgurante”. Diz que Na labareda dos<br />

trópicos escreveu com a sinceridade “com a que redigiria meu testamento” e salienta que a<br />

viagem foi tão agradável que “mil vezes que pudesse, mil vezes repetiria o cruzeiro”. Eis a<br />

exposição do intuito almejado no seu percorrido pelo Norte e pelo Nordeste brasileiros, um<br />

526 Oraciones y consejos de amor publicou-se no Rio em 1937, pelas Ediciones Rudá. Trata-se de um livro, de<br />

108 páginas, com poemas amorosos.<br />

527 Embora o livro Sonetos brasileños fosse lançado em 1939 no Brasil, editou-se em Santiago de Chile,<br />

correndo a cargo da editora Nascimento. Álvaro de las Casas foi o responsável pela tradução. Foi feita uma<br />

segunda edição em Buenos Aires, em 1941.<br />

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