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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Os agitadores percebem a sua desorientação, sabem a sua falta de autoridade, e, então, suas<br />

campanhas contra os ditadores, contra o rei e contra a monarquia fazem-se já abertamente, á luz do<br />

dia. Prieto, no Ateneo, acusa o rei numa catilinária impiedosa; os jornais atacam as instituições tidas<br />

por mais respeitáveis; os estudantes transformam as faculdades em castelos contra a força pública e<br />

os intelectuais julgam de bom tom depreciar a sua realeza – está em moda ser republicano.<br />

Sublevam-se em Jaca os capitães Galán e García Hernández (dezembro de 1930) e são fuzilados.<br />

Voltam a encher-se as cadeias de políticos, que são visitados por multidões imensas e aplaudidos<br />

como heróis. Sánchez Guerra – o mais respeitado dos antigos homens de governo – pronuncia um<br />

discurso no teatro da Zarzuela em que jura “nunca mais servir a senhores que se convertem em<br />

vermes”, e Alcalá Zamora, em Valência, declara-se republicano (Las Casas, 1937a: 142).<br />

Las Casas expõe que foram a inaptidão, as indecisões e a puerilidade do rei o que<br />

causou a proclamação da II República. Durante a ditadura de Primo de Rivera as direitas e<br />

as esquerdas voltaram-se a agrupar, formando dois blocos compactos; de um lado, “todas as<br />

direitas inclusive os legitimistas”, do outro, “os liberais alongando a sua linha de ataque até<br />

abranger as forças republicanas e socialistas”.<br />

A situação em que se encontrava a Espanha ao expirar a monarquia é analisada pelo<br />

autor no Capítulo III – Paisagem das Espanhas –. Nesse capítulo tenta mostrar como se<br />

produziu o novo acirramento entre as duas Espanhas às que se refere como tais desde a<br />

invasão francesa. Nenhuma das duas Espanhas merece a admiração do autor:<br />

Confessemos, primeiramente, que nenhuma das duas grandes metades em que se encontra dividido o<br />

povo se caracteriza pela dedicação ao estudo dos grandes problemas que inquietam o mundo, nem<br />

pela sua capacidade meditativa, nem pelo seu interesse pelas interrogações fundamentais que agitam<br />

a opinião pública do estado.O comércio de livros é insignificante e apenas se mantém pela<br />

exportação para Portugal e para a América; há poucas revistas de cultura e estas não passam de<br />

número limitado de leitores; os grandes jornais não passam dos boatos políticos, muito rasteiros, em<br />

anedota; tenho a impressão de que os grandes diários que durante muito tempo v~em concentrando a<br />

curiosidade das classes mais instruídas – El Debate, na direita, El Sol, na esquerda – estão longe de<br />

constituir um bom negócio. Livros que se consideram de conhecimento imprescindível em matéria<br />

econômica, social, política ou religiosa, são pouco conhecidos em Espanha. Esclarecemos, contudo,<br />

que o nosso nível cultural ascendia nos últimos tempos, em projeção rápida e pujante, e que talvez<br />

fosse conseqüência do melhoramento operado em nosso ambiente universitário (Las Casas, 1937a:<br />

150).<br />

Las Casas considera que, no séc. XIX, só houve na Espanha dois grandes teóricos,<br />

Jaime Balmes, a referência da direita, e Julián Sanz del Río, o principal intelectual das<br />

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