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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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[...] Os acontecimentos desenrolados na Espanha foram sempre um tanto confusos e por toda a parte<br />

não foi fácil compreende-los com exatidão. Mas entre nós essa confusão atingiu proporções<br />

verdadeiramente surpreendentes, devido às manobras tendenciosas com que se procurou criar no<br />

público brasileiro idéias falsas sobre o que se passava naquele país europeu. Quem teve ensejo de<br />

comparar as notícias publicadas no Brasil com o que aparecia nos jornais e revistas dos países da<br />

Europa, dos Estados Unidos e da Argentina, não podia escapar à impressão de que a imprensa<br />

brasileira transmitia aos seus leitores informes, não acerca do que acontecia na Espanha, mas a<br />

propósito de alguma outra guerra ocorrida em país diferente ou talvez mesmo em algum outro<br />

planeta.<br />

Realmente se nos fôssemos guiar pelo que há dois anos é divulgado aqui pelas agências telegráficas,<br />

em um noticiário que se diria elaborado especialmente para uso dos brasileiros, o general Franco há<br />

muito tempo deveria estar senhor de toda a Espanha... (Amaral, 1938: 18-19).<br />

A circulação, no Rio, de A verdade sobre a Hespanha demonstra que não fora<br />

proibido, de um modo determinante, que os brasileiros nativos publicassem pareceres em<br />

auxílio da razão republicana. Mas é preciso salientar que a revista Diretrizes era partidária<br />

fervorosa do Estado Novo e que Azevedo Amaral explicitara, nessa matéria, que a guerra<br />

espanhola servia de advertência ao Brasil para que reforçasse a sua segurança nacional e se<br />

preparasse para a defesa da sua independência e do seu patrimônio perante as crescentes<br />

ameaças das potências totalitárias, vitimárias da Espanha 361 .<br />

361 O posicionamento conivente do regime varguista em relação ao nacional-sindicalismo espanhol mudou<br />

após a sua declaração de guerra ao Eixo. Assim, em 1944 publicava-se no Rio de Janeiro a tradução Falange<br />

– O exército secreto do Eixo na América, de Allan Chase (1944). Nessa obra denunciavam-se as atuações da<br />

diplomacia espanhola no continente americano em favor da causa nazi-fascista e punha-se a descoberto a rede<br />

conspiratória tecida no continente pelas seções falangistas. O primeiro embaixador, extraordinário e<br />

plenipotenciário, nomeado junto ao governo brasileiro por Franco fora o camisa vieja Raimundo Fernández<br />

Cuesta. Ele entregou as suas credenciais em 4 de novembro de 1940 e cessou aos 21 de outubro de 1942.<br />

Sobre essa nomeação, Bruno Ayllón Pino, na sua tese Las relaciones entre Brasil y España ponderadas desde<br />

la perspectiva de la política exterior brasileña, (1979 – 2000), comenta que ela agravou os receios do<br />

governo brasileiro em relação à atuação filo-fascista da diplomacia espanhola. Ayllón (2004: 269-70) diz: “El<br />

Itamaraty recibió con aprensión y recelo el nombramiento de un embajador falangista bajo cuya directa<br />

inspiración se realizó todo el trabajo de organización de la Falange en Brasil. Para las autoridades policiales<br />

brasileñas responsables de la seguridad política y social, no existían dudas de que Falange constituía un<br />

organismo oficial del gobierno español, responsable por los trabajos de policía política del Estado,<br />

paralelamente a ser una organización paramilitar que seguía los moldes de las milicias nazi-fascistas”. Só<br />

temos constância de uma atividade de Fernández Cuesta no Rio alheia às suas funções estritamente<br />

diplomáticas. Trata-se de uma longa conferência que o embaixador pronunciou em novembro de 1940, na<br />

carioca Associação Brasileira de Imprensa, sob o título El Cid o el alma de Castilla. Ela foi publicada “por um<br />

grupo de amigos e admiradores” seus. Consultamos esse folheto – de 64 páginas –. Nota-se que Fernández<br />

Cuesta aplicou a sua interpretação da história do Cid para retratar os combatentes nacionais como<br />

continuadores das virtudes e da gesta daquele guerreiro. Este o parágrafo com o que supostamente o<br />

embaixador encerrou a sua fala: “De una sumisión por su interés, al colectivo, de una profunda justicia, y<br />

sobre todo, de una solidaridad humana que daba a sus obras aquel cálido arraigo popular, que cantaba el<br />

poema al decir, ‘a todos os alcanza honra, por el que en buena hora nació’. Fue preciso brillara el relámpago<br />

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