26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

IV. 4. Os galegos do Rio de Janeiro<br />

IV. 4. 1. O galego de Juan Valera<br />

Dentre as ponderações feitas por espanhóis, no séc. XIX, a respeito dos imigrantes<br />

galegos no Brasil, que foram localizadas durante a realização deste trabalho, as mais<br />

antigas remontam a meados desse século e são da autoria de Juan Valera (1824-1905). Na<br />

realidade, as observações de Valera centram-se em um só galego, aparentemente afastado<br />

do contato com os membros da suposta colônia de espanhóis que, nesse momento, deveria<br />

já se ter constituído na, então, capital do Império.<br />

As observações de Valera são conseqüência da sua estadia na cidade do Rio de<br />

Janeiro após haver tomado posse, em dezembro de 1851, como secretário da primeira<br />

legação espanhola enviada ao Império do Brasil 340 . Veiculou-as através das missivas que<br />

340 Juan Valera é autor do ensaio De la poesía del Brasil, publicado em 1855 [A poesia do Brasil (Valera,<br />

1996)]. Trata-se do primeiro ensaio em que um europeu reconhece a autonomia da literatura brasileira. Esse<br />

ensaio foi dedicado, exclusivamente, à poesia brasileira; nele há apreciações comparativas com a produção<br />

contemporânea hispano-americana e contém-se uma pequena antologia dos grandes poetas românticos<br />

brasileiros. Acreditamos que o segundo ensaio, em língua espanhola, sobre o campo cultural do Brasil é o<br />

intitulado El Brasil intelectual – impresiones literarias –, publicado em 1900, em Buenos Aires, por Martín<br />

García Mérou, o qual se inicia com a seguinte contundente asseveração: “De todas las literaturas<br />

sudamericanas, ninguna es tan poco conocida entre nosotros como la del Brasil” (García, 1900: 1). García<br />

Mérou observa o processo de formação da literatura brasileira e levanta, e avalia, a crítica composta em<br />

relação a esse processo. Com esse objetivo comenta as relações que a literatura brasileira mantivera com<br />

outras literaturas e indica quais são os elementos do repertório genuinamente brasileiros, quais são simples<br />

reprodução e, logo, “imitação”, e quais são conseqüência da assimilação e transformação das aportações<br />

forâneas. Eis a formulação, feita por García Mérou, sobre as dificuldades que deviam ser enfrentadas para se<br />

consolidar, no Brasil, uma literatura que fosse reconhecida como literatura nacional: “El examen de estas<br />

cuestiones exigiría largos desenvolvimientos y acabaría por llevarme lejos de la materia de estas páginas.<br />

Ante todo sería necesario dilucidar este punto: ¿tenemos realmente una cultura artística propia, algo que<br />

pueda llamarse una literatura nacional, o estamos en condiciones de tenerla?... ¿Podemos abrigar la pretensión<br />

de haber conseguido lo que es todavía un desideratum para naciones que han llegado al grado de desarrollo de<br />

los Estados Unidos?... Parece suficiente plantear el problema para resolverlo. Allí como acá, la acción de las<br />

mismas causas ha producido resultados análogos, sin contar con resistencias peculiares a nuestro medio y que<br />

actúan en él con intensidad perniciosa. Los primitivos colonizadores sudamericanos y sus descendientes, a par<br />

de los del norte, no han tenido tiempo para consagrar todavía el cultivo del espíritu. Necesitaban conquistar la<br />

naturaleza, antes de admirarla; debían alimentarse y vestirse antes que analizarse a sí mismos. […] Mientras<br />

en Europa los poetas no miraban a la naturaleza sino para señalar el contraste de su permanencia con la<br />

instabilidad de la vida humana, en América es la extensión inmensa de la naturaleza lo que salta a la mente, es<br />

la infinidad del espacio, más que la infinidad del tiempo, lo que se pone frente a frente con la transitoria<br />

existencia del hombre. […] La influencia de nuevas gentes, la facilidad del contacto con los pueblos del viejo<br />

mundo, las corrientes inmigratorias, que se difunden en todos los ámbitos del país, y que luchan sin tregua por<br />

el sometimiento de la naturaleza, son otras tantas causas que en el Brasil concurren para que la acción del<br />

medio se debilite, en detrimento de la originalidad individual. Consecuencia de estos hechos, es el espíritu de<br />

imitación que estraga la cultura intelectual de aquella nación, como la de la república del Norte” (García,<br />

1900: 4-7). O autor, contudo, prognostica um futuro imediato glorioso para a literatura brasileira, consolidada<br />

como literatura nacional, e uma estreita colaboração cultural com a Argentina.<br />

471

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!