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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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então, eram, no seu parecer, urgentes reformas administrativas e econômicas 487 . Nesse<br />

sentido, ele pondera que nesse ambiente de instabilidade, o que primou foi a conquista do<br />

poder para, desde ele, destruir o adversário em lugar de se planejar a regeneração do país.<br />

Feita essa exposição, Casais lança uma pergunta retórica aos seus leitores:<br />

Compreendeis um pouco a gênese de nossa revolução? Guerra, guerra implacável, desumana,<br />

selvagem, diante da qual a Europa estremece de horror e pede insistentemente um pouco de piedade,<br />

durante a qual os auxiliares estrangeiros do absolutismo têm de suplicar aos seus próprios aliados<br />

compaixão pela vida de suas vítimas. Sucede um período de trégua, porém mais cruel que o anterior,<br />

em que o punhal substitui a espingarda, a calúnia a bala, e a emboscada a batalha. Os generais e os<br />

políticos, cansados de correr pelos montes, preferem guerrear-se nas câmaras reais e nos corredores<br />

dos ministérios. Crises, crises, mais crises. Com a facilidade com que se muda de camisa, muda-se<br />

agora de bandeira, e com mais satisfação do que se conquista um reino, atraiçoa-se agora um partido.<br />

Apenas importa mandar, dirigir, figurar no governo, e todos querem organizar um grupo,<br />

despedaçando o mosaico político até o infinito. A ninguém lhe importa saber a sua filiação, senão<br />

estar perto dos grandes generais para ser utilizado na primeira oportunidade. Sem embargo, lá no<br />

fundo da consciência da Espanha, a oposição se mantém inflexível e disposta a recomeçar o seu<br />

duelo de morte (Las Casas, 1937a: 68-69).<br />

Las Casas encerra o primeiro capítulo comentando a partida para o exílio na França<br />

de Isabel II, aos 30 de setembro de 1868. Antes de expor a sua interpretação conclusiva<br />

para o período compreendido entre a invasão francesa e a revolução de setembro de 1868,<br />

ele propõe uma divisão em cinco etapas para esse período. A primeira estaria marcada pelo<br />

enfrentamento entre as forças conservadoras partidárias de Fernando VII e as esquerdas<br />

487 Na exposição da história dos enfrentamentos, na primeira metade do séc. XIX, entre absolutistas e liberais,<br />

Las Casas alude duas vezes à Galiza. A primeira delas é conseqüência do seu comentário sobre a divisão dos<br />

carlistas, quando um segmento deles assume a impossibilidade da vitória, abandona a beligerância e<br />

reconhece a legitimidade da rainha Dona Cristina para passar a colaborar com o governo constitucional desde<br />

o seu posicionamento de “estrema ala direita”. No entanto, na interpretação de Las Casas (1937a: 58), “os<br />

mais ousados e aventureiros organizaram guerrilhas e andavam a monte, amparados pelo entusiasmo das<br />

gentes nortenhas – Galiza, Astúrias, as províncias Vascongadas, Navarra e Catalunha” –. Após essa<br />

contextualização do carlismo na Galiza, Las Casas refere-se ao pronunciamento de Solís durante o mandato<br />

conservador que executa Narvaez a partir de 1844: “No ano de 1846, estala uma revolução, agora na Galiza,<br />

de que é chefe o coronel Solis, fuzilado em Carral (Corunha) com mais dezessete dos seus oficiais. É curioso<br />

notar que durante os dez anos em que os moderados estão no poder, se dão as mesmas mudanças de forças<br />

que se davam nas épocas anteriores. Os dois partidos tradicionais continuam guerreando-se, sempre que para<br />

isso haja oportunidade, preferindo agora, como campo de batalha, as proximidades do poder. Parece-nos mais<br />

lógico e natural que os liberais se organizassem na oposição, esperando a oportunidade de vencer, e que os<br />

conservadores se unissem no poder a fim de realizar seus programas governativos. No entanto, não sucede<br />

assim. Os liberais – salvo os exaltados, que organizam conjuras todos os dias – desertam dos seus partidos<br />

para vir formar o flanco esquerdo ao abrigo dos vencedores, e os moderados, prestando-se a este jogo,<br />

dispersam-se cada vez mais (puritanos e polacos, reacionários e neo-católicos) motivando tantas crises, que<br />

chega a haver um governo com apenas dezenove dias de duração” (Las Casas, 1937a: 63-65).<br />

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