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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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a gênese do “Centro Galego” consultando os seus estatutos e as notícias que a imprensa<br />

recolhera dos seus atos, o qual é exposto, abaixo, em uma seção própria.<br />

Os posicionamentos de intelectuais e de militantes políticos brasileiros durante a<br />

Guerra Civil espanhola foram objeto de dois amplos estudos. Um deles é um artigo de José<br />

Carlos Sebe Meihy intitulado Guerrilleros de la libertad: intelectuales brasileños y la<br />

Guerra Civil española (Meihy, 1993) 250 . O outro é uma dissertação de mestrado orientada<br />

por ele, publicada sob o título A solidariedade antifascista: brasileiros na guerra civil<br />

espanhola (1936-1939), da autoria de Thaís Battibugli (2004). Essa dissertação objetivou o<br />

conhecimento da trajetória da militância antifascista dos dezesseis comunistas brasileiros<br />

que lutaram na Guerra Civil espanhola 251 . Em uma outra dissertação de mestrado, de<br />

Ismara Izepe de Souza, intitulada Solidariedade internacional: a comunidade espanhola do<br />

Estado de São Paulo e a polícia política diante da guerra civil da Espanha (1936-1946)<br />

250 Posteriormente, em 1996, José Carlos Sebe Meihy publicou um pequeno livro didático – Guerra Civil<br />

Espanhola (Meihy, 1996) – descrevendo as causas, o desenvolvimento e as repercussões desse conflito. Um<br />

outro livro didático, com uma orientação muito parecida, fora já publicado também em São Paulo em 1981.<br />

Trata-se de Revolução e guerra civil na Espanha, de Angela Mendes de Almeida.<br />

251 Alguns dos brasileiros participantes na Guerra Civil espanhol escreveram memórias da sua experiência.<br />

Uma delas foi utilizada por Érico Veríssimo para elaborar o romance Saga (Veríssimo, 1940). Um outro livro<br />

de memórias intitula-se Um brasileiro na guerra espanhola, da autoria de José Gay da Cunha (1946), um<br />

militar brasileiro excluído do exército e condenado a oito anos de prisão por ter participado no levante<br />

comunista de 1935. Refugiado em Buenos Aires, partiu para a Espanha como voluntário das Brigadas<br />

Internacionais, das que chegou a comandar a Brigada Lincoln. Ele entrou em Catalunha acompanhado de dois<br />

voluntários brasileiros – Carlos da Costa Leite e Hermenegildo de Assis Brasil. Com o desmoronamento da<br />

frente republicana em Catalunha, atravessou os Pirineus e recolheu-se no campo de refugiados de Gurs, do<br />

qual foi delegado junto às autoridades francesas. Voltou a América e residiu em Montevidéu até que, em abril<br />

de 1945, o Tribunal de Segurança do Brasil concedeu a anistia a todos os que condenara, o que permitiu a<br />

José Gay da Cunha regressar a Porto Alegre e publicar as suas memórias pela editora da Livraria do Globo.<br />

Ele (Cunha, 1946: 30) expõe os motivos que o animaram a lutar pela República Espanhola como se segue:<br />

“Felizmente, deste primeiro combate saiu vencedor o meu amor próprio e a certeza de que o meu dever era<br />

sacrificar tudo, mesmo esta pobre vida, se fosse necessário. De que valia viver, se eu não tinha a coragem de<br />

defender aquilo que eu julgava justo? Olhei para a minha infância e senti que se eu recuasse falharia diante de<br />

mim mesmo. Falharia diante dos seres que tanto amo, aqueles pais bons que tantos sacrifícios fizeram para<br />

que eu fosse um homem. Mais do que nunca, senti que, em Espanha, se lutava para defender as mães e<br />

crianças de todo o mundo. Na Espanha se defendia a tranqüilidade da juventude, desta pobre geração que<br />

nasceu numa guerra e que é obrigada a matar-se em outra. O medo, pintando a vida com cores rosadas, fez<br />

nova tentativa. O meu egoísmo se apresentou mais violento diante de mim, mas foi definitivamente<br />

derrotado”. No seu livro de memórias, Gay da Cunha (1946: 136) alude ao caráter de um galego que integrava<br />

a tropa que ele comandava: “Um outro problema, mais imediato, ocupou o meu pensamento. Três dos meus<br />

homens tinham sido feridos. Os morteiros continuavam caindo, mas era preciso que os evacuássemos. Chamei<br />

o sargento Fandiño e Theodoro. – Fandinho, você e o Theodoro, com mais alguns homens deverão transportar<br />

para o povoado os feridos. – Bem, meu tenente. Em seguida será cumprida a sua ordem. Fandiño era galego e<br />

para ele não havia necessidade de explicar as ordens. Uma determinação superior devia se cumprida de<br />

imediato. Poucos minutos depois, no meio das corridas até os abrigos e das voltas às posições, as três padiolas<br />

saíram dos círculos de arames farpados que circundavam as nossas posições. Por sorte já os morteiros<br />

estavam caindo mais espaçados”.<br />

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