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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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IV. OS IMIGRANTES GALEGOS NO BRASIL<br />

Não se criou, no Brasil, uma federação das entidades formadas pelos imigrantes<br />

galegos. Não encontramos nenhum dado que mostre que, por parte de algum agente ou por<br />

parte de alguma das associações, se tivesse tentado a coordenação entre todas essas<br />

entidades. Excetuando-se os hospitais espanhóis de Salvador e da cidade do Rio de Janeiro,<br />

elas nem tão sequer tiveram uma projeção estadual, restringindo o seu espaço de atuação às<br />

cidades em que estavam instaladas. Por essa razão, apresentamos a seguir um esboço de<br />

recopilação da produção cultural dos imigrantes galegos, e da relativa aos imigrantes<br />

galegos, a partir de uma divisão estadual. Centramo-nos em quatro estados – Minas Gerais,<br />

Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro –; sobre os imigrantes neles assentados obtivemos a<br />

maioria das informações. O nosso intuito foi o de observar os efeitos da aculturação nessa<br />

produção cultural e se nela houve representações galeguistas.<br />

O termo galego<br />

Antes de observar essa produção cultural, cumpre comentar quais eram as<br />

denotações que, no Brasil, recebia o vocábulo antes mesmo da chegada dos imigrantes da<br />

Galiza. Estes depararam-se com que o seu gentílico tinha significações alheias a eles.<br />

Galego é, no Brasil, uma qualificação ambígua, do mesmo modo que em Portugal. Usa-se<br />

para remeter a estereótipos que, diretamente, não têm a ver com os naturais da Galiza e<br />

associa-se a um âmago de traços depreciativos 129 . Predominam no Brasil as denotações<br />

129 A posição subalterna e o talante mesquinho do galego são refletidos nas entradas registradas pela<br />

lexicografia brasileira. Em Ferreira (1999: 962) consta “galego (ê). 4. Bras. Deprec. Português (2). [Há outras<br />

muitas alcunhas dadas por brasileiros a portugueses, algumas delas já fora de uso: abacaxi, bicudo, boaba ou<br />

boava, emboaba ou emboava, candango, caneludo, chumbinho, cotruco, cupê, cutruca, jaleco, japona,<br />

labrego, marabuto, marinheiro, maroto, marreta, mascate, matruco, mondrongo, novato, parrudo, pê-dechumbo,<br />

portuga, puça, sapatão, talaveira.] 5. RS V. carimboto. 6. Bras. N.E. SC Estrangeiro, sem distinção<br />

de nacionalidade. 7. Bras. N.E. Indivíduo louro.”; “galegada. 3. Bras. Gir. Tolice, calinada. 4. Bras. S.<br />

Deprec. A colônia portuguesa.”. Ferreira (1999: 410) também registra “carimboto. RS Deprec. Alcunha dada<br />

pelos farrapos aos legalistas, i. e., aos membros do partido conservador, no Império; absolutista, camelo,<br />

caramuru, corcunda, galego, reformador, restaurador.” Houaiss (2001: 1418) coloca “galego (ê) adj. s. m. 1.<br />

relativo a Galiza (Espanha) ou o que é seu natural ou habitante; galaico, galeco, galeciano - s. m. 3. B pej.<br />

indivíduo nascido em Portugal, esp. os de mais baixo nível de cultura 4. B N.E. e SC pej. Qualquer<br />

estrangeiro, gringo 5. B N.E. indivíduo louro • à galega B infrm. pej. sem capricho, apressadamente (fez o<br />

trabalho à g.); galegada B infrm. pej. 1. dito ou comportamento próprio de galego (‘indivíduo nascido em<br />

Portugal’) 3. ato impensado; ignorância, estupidez; agalegado adj. 1. que tem modos, feição ou sotaque<br />

galego 3. pej. que se comporta com estupidez, com grosseria (Houaiss, 2001: 110)”. O dicionário Michaelis<br />

(1998) tem as mesmas acepções para “galego” e “galegada” que o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda<br />

Ferreira. Tanto no Michaelis, quanto nos dicionários de Houaiss e Ferreira, explicita-se que as fontes dessas<br />

obras foram os dicionários portugueses de João de Barros, Cândido de Figueiredo e Antonio de Morais Silva.<br />

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