26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

literatura galega”. O autor ressalta os contrastes entre as regiões da Espanha e, em<br />

decorrência disso, o que, na sua apreciação, é a extraordinária diversidade da sociedade<br />

espanhola. Ele faz o seguinte breve apontamento sobre a localidade de Pentes:<br />

Cidades graves, severas no seu porte, mas doces no seu acolhimento, quentes no seu carinho, como<br />

Mondonhedo, Lugo e Orense. Nesta última nasceu meu pai, precisamente no “pueblo” Pentes, ao<br />

lado de La Gudiña. Já perto de Portugal.<br />

E ali, na aldeia de Pentes, conheci minha velha tia, Teresa, aos 94 anos, falando um espanhol<br />

misturado com português e chorando a perda de todos os parentes, cujos corpos estavam depositados<br />

no cemitério unido à velha igreja de pedra. Vi a pia batismal de pedra onde meu pai foi batizado.<br />

Frio, vento, chuva numa grande geografia de pedra, montanhas audazes e lavouras de centeio – eis o<br />

que é Pentes. Apesar disto, o povo ali vive e já se nota a ponta do progresso, nas residências,<br />

estradas, no trabalho mais sofisticado. Algumas casas têm televisão.<br />

Os campos rebrilham e movem-se ao vento, são fileiras de trigo e de centeio, de onde crescem aqui e<br />

ali árvores de nogueira com mais galhos do que folhas. O pouco gado é levado cuidadosamente às<br />

pastagens e depois guardado nas cocheiras no porão das casas. No teto, pertinho das telhas, guardamse<br />

lingüiças, toucinhos e outros preparados de carne e queijo. As paredes das casas mais antigas são<br />

todas de pedra.<br />

Desse labirinto de ruelas e ínvios caminhos, desse buraco escondido no frio que se chama Pentes,<br />

saiu meu pai, jovem ainda para a aventura na América. Muito pobre mas com muita coragem e fé em<br />

Deus deixou sua parentela e foi fundador de família no Brasil, em Uberaba. Outros parentes depois o<br />

seguiram (Uberaba, 1978: 130-31).<br />

No capítulo Literatura galega, Uberaba redigiu uns breves comentários sobre a<br />

história do “dialeto”/ língua da Galiza e referiu-se aos três poetas do Ressurgimento. Ele<br />

(Uberaba, 1978: 137) encerra essa capítulo expressando que verificara a influência da<br />

língua portuguesa no galego. Em Minas Gerais publicou-se um outro livro de viagens de<br />

autoria espanhola. Trata-se de Pelos caminhos da Espanha, escrito por Valentín Bahillo<br />

Cuadrado (1995). Desta vez, o autor não é um imigrante ou um filho de imigrantes, senão<br />

um não-imigrante residente na capital mineira, natural de Palencia, ex-padre agostiniano,<br />

professor de história e de turismo na universidade belo-horizontina 122 . Bahillo propõe<br />

122 Na Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte (PUC-Minas), onde lecionou Valentín Bahillo,<br />

também lecionou Cástor Cartelle, galego, quem chegou ao Brasil em 1959. Ele foi professor de paleontologia<br />

na UFMG e, na PUC, asessorou o Museu de Ciências Naturais. Além de produção científica, é autor de uma<br />

novela; nela não há alusões à Espanha. Intitula-se Os meninos da planície – Histórias de um Brasil antigo<br />

(Cartelle, 2001). Trata-se de uma obra destinada a crianças em que se entrecruzam dois discursos distantes no<br />

tempo, mas que compartilham um mesmo espaço: a vida de dois rapazes de uma aldeia de há 10.000 anos e a<br />

investigação de um arqueólogo, que descobriu os esqueletos fossilizados desses meninos e tenta reconstruir a<br />

existência deles. No início de Os meninos da planície consta a biografia do autor, na qual se assinala,<br />

201

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!