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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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com alusões à participação espanhola nessas atividades e a obras literárias em que se<br />

descreviam os ambientes da boemia belo-horizontina. Dona Olimpia Vázquez Gacía é<br />

mencionada nas monografias Trilhas urbanas: histórias da Rua da Bahia e da Cantina do<br />

Lucas (Silveira, 2002: 211), Praça 7: o coração da cidade (Santos, 2006: 27) e Livraria<br />

Amadeu: os livros e a cidade (Paula, 2006: 42). Ao bairro Lagoinha, como popular espaço<br />

histórico belo-horizontino da devassidão, da malandragem e da prostituição, com a<br />

conseqüente repressão policial, dedicou Wander Piroli um breve estudo (Piroli, 2004). Uma<br />

descrição da vida noturna na zona belo-horizontina onde se situavam alguns dos “hotéis de<br />

batalha” e rendez-vous gerenciados por galegos é apresentada nas suas memórias por<br />

Octavio Mello Alvarenga (2003: 97-111) 180 . Todavia, o trabalho que mais informações<br />

proporcionou para o conhecimento da participação espanhola no lenocínio belo-horizontino<br />

é o capítulo “o Bonfim da prostituição: a presença ambivalente do outro”, de Regina<br />

Medeiros, que faz parte do livro Permanências e mudanças em Belo Horizonte (Medeiros,<br />

2001). Nele examinam-se as causas da inicial qualificação do bairro do Bonfim e da<br />

Lagoinha como um espaço de residência da mão-de-obra pouco qualificada e da<br />

criminalidade desde a época da construção da cidade de Belo Horizonte e retratam-se as<br />

características da clandestinidade inerente à prostituição, expondo-se a representatividade<br />

desses espaços em paralelo ao conceito de habitus de P. Bourdieu.<br />

Em A revista, periódico belo-horizontino que, a meados da década de 1920, dirigiu<br />

Carlos Drummond de Andrade, publicaram-se várias matérias em relação à questão da<br />

nacionalidade, da autoria de Gregoriano Canêdo. Esse autor, em um artigo intitulado A<br />

situação, expõe claramente a identificação do estrangeiro com a força de trabalho,<br />

ressaltando que a presença forânea devia ser aceita sempre e quando ela significasse mãode-obra<br />

que contribuísse à formação da nacionalidade brasileira 181 . A questão da<br />

180 Não dispomos de dados estatísticos sobre a prostituição em Belo Horizonte durante as décadas da chegada<br />

de imigrantes estrangeiros a essa cidade. Conhecemos, no entanto, a estatística policial, elaborada em 1912,<br />

relativa a um dos distritos policiais da cidade do Rio de Janeiro onde era significativa a presença de<br />

estrangeiras. Em um total de 94 casas toleradas havia 299 mulheres, das quais 160 eram estrangeiras. Nesse<br />

conjunto, 33 mulheres eram russas, 30 eram italianas, 20 eram espanholas, 16 eram francesas, 15 eram<br />

portuguesas, 10 eram inglesas, 9 eram alemãs, 7 eram austríacas, 4 eram argentinas, 4 eram turcas, 3 eram<br />

romenas, 2 eram polacas, 2 eram marroquinas e 1 era suíça. No Rio de Janeiro, as prostitutas estrangeiras<br />

instalavam-se ou em prostíbulos organizados segundo o modelo das maisons de tolérance francesas ou em<br />

cabarés e similares que compunham o chamado “gênero alegre”, introduzido no Brasil com a inauguração, no<br />

Rio de Janeiro, do “Alcazar Lirique” em 1859.<br />

181 No primeiro número de A revista, de julho de 1925, Gregoriano Canêdo expressava-se nos seguintes<br />

termos: “O braço estrangeiro de que depende o índice de difusão e saneamento perfeitos do nosso trabalho<br />

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