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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Estado de São Paulo deveria incentivar, e aprimorar, a sua pecuária, e criar uma atividade<br />

de produção alternativa que servisse para amortecer os riscos de instabilidade econômica<br />

inerentes à monocultura do café. Acreditava que, para tanto, a técnica pecuária argentina,<br />

segundo ele mais avançada por ser mais experiente que a brasileira, deveria servir de<br />

referente às autoridades estaduais paulistas responsáveis pela melhora, cuidado e<br />

exploração das reses, e que, da Argentina, se poderiam importar as raças aclimatadas mais<br />

convenientes às características da região. Na sua opinião (Bernárdez, 1908: 184), isso seria<br />

“un medio más de acercamientos, un amable motivo de conocernos y vincularnos, al<br />

estudiar nuestros progresos internos”.<br />

Na sua análise do destino da dotação orçamentária do “Ministerio [Secretaria<br />

Estadual] de Agricultura y Obras Públicas” paulista, Bernárdez reparou que a terceira parte<br />

da verba era aplicada ao fomento da imigração. Para observar a produtividade, na<br />

agricultura, da mão-de-obra imigrante, por um lado, deslocou-se à fazenda cafeeira Santa<br />

Gertrudes, do Conde Prates, e, por outro, entrou em contato com Francisco Smith, o “rey<br />

del café”, colocado como paradigma do imigrante europeu – alemão – que conseguira<br />

ascender de colono a fazendeiro mediante o trabalho enérgico e inteligente. As crônicas que<br />

contêm a sua visão da cafeicultura paulista e o relato da sua descida ao porto de Santos,<br />

desde regressou à Argentina, ocupam o último capítulo do livro. Bernárdez julgara o Estado<br />

de São Paulo a capital econômica do Brasil e percebeu que o progresso paulista se devia à<br />

combinação de três fatores: um clima “excelente para formar el hombre”, a cultura do café,<br />

e a presença dos imigrantes, sobretudo de italianos meridionais. Na opinião de Bernárdez,<br />

esses imigrantes italianos escolhiam, como destino, São Paulo devido ao prestígio<br />

alcançado pela cidade e pelo estado 430 . As aptidões inerentes a esses trabalhadores, levaram<br />

430 Bernárdez (1908: 205-06) acreditava que as práticas políticas paulistas para a atração da mão-de-obra<br />

italiana eram as corretas. Segundo ele, esses imigrantes estavam rodeados de “alicientes y garantias”, tanto<br />

por parte do governo do Estado quanto por parte dos fazendeiros, as partes interessadas no fomento da<br />

imigração e na fixação do imigrante nas fazendas da cafeicultura. Em decorrência da demanda de<br />

trabalhadores rurais, o bom imigrante não corria o risco de abusos, pois podia “elegir con facilidad” a fazenda<br />

mais vantajosa e em que melhor o tratassem. Portanto, seria fácil e rápida a conversão desse imigrante, de<br />

colono, em proprietário, a qual redimiria o estrangeiro do seu estatuto de pária e permitir-lhe-ia uma ainda<br />

maior ascensão social para a sua descendência Assim ele resume o percurso normal e comum que seguia o<br />

imigrante italiano no Estado de São Paulo: “Llega al país, si quiere, con pasaje pago por el Estado, – aunque<br />

va aumentando el número de inmigrantes espontáneos. Del puerto a la fazenda no tiene tampoco gasto alguno.<br />

En la fazenda se le da casa, de material siempre, con tierra para huerta, agua, leña y campo para criar animales<br />

– por lo general sin limitación – cerdos, vacas, gallinas, etc., - de nada de lo cual tiene que dar parte a nadie ni<br />

pagar escote o arriendo alguno. El fazendeiro le adelanta recursos de instalación y mantenimiento, sin<br />

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