26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

manuscrito anônimo e pergunta-se se será de Luiz 564 (“Será que Luiz também é poeta? E o<br />

poema parece que foi escrito nestes dias” Las Casas, 1938: 116). Nas anotações do 5 de<br />

agosto indicará que se estivera relendo livros de guerra (Les croix de bois de Roland<br />

Dorgelés, Los coolies del Kaiser de Theodor Plivier, Sem novidade no fronte de Remarque,<br />

Os que tínhamos doze anos de Glaeser, Guerra de Ludwig Renn, O sargento Grischa de<br />

Arnold Zweig... Las Casas, 1938: 148) e menciona que todos eles são má literatura –<br />

“literatura de jornal” – pelas mentiras que contêm e a vulgaridade do seu conteúdo. No<br />

entanto, ele qualifica como bons escritores de literatura bélica a [Henri] Barbusse e a<br />

[Wladimir] Semenoff, embora matize que:<br />

a grande guerra não se reflete nem em um só escritor de mérito. Sigo preferindo Waterloo de<br />

Erckmannchatrian e os livros das campanhas coloniais: Os sertões de Euclides da Cunha, Iman de<br />

Sender, La guerra d’Etiopia de Badoglio, Pour la Princesse de André Armandy e África chora de<br />

Lohndorff. Calculo que a obra do misterioso coronel Lawrence deve ser uma maravilha (Las Casas,<br />

1938: 149).<br />

Na biblioteca do paço de Názara, Fernando descobre também dezenas de biografias<br />

– “esta biblioteca está cheia de biografias”, escreve –, que ele cita no registro do 7 de<br />

agosto (Las Casas, 1938: 150-52). Crê que a produção de biografias, isto é, “a tarefa de<br />

reviver os grandes mortos”, é conseqüência da crise da democracia, pois, ao se perder a fé<br />

nas massas – “já ninguém acredita na capacidade do povo como elemento substancial de<br />

direção, e os olhos percorrem os quatro horizontes à procura do gênio que possa conduzir a<br />

nação. O mundo arde em febre messiânica”. Aponta como “um bom biógrafo”, entre “nós”,<br />

do séc. XIX a Murguia e, dentre todos os autores do séc. XX, destaca a Emilio Ludwig e<br />

focaliza, da produção deste, a biografia sobre Napoleão, sobre a qual elabora a seguinte<br />

crítica: “conseguiu mais adeptos para a causa dos governos autoritários que toda a<br />

propaganda nazista; nele inspirou-se Mussolini para escrever O governo dos cem dias, obra<br />

na qual vejo o melhor argumento para suster o império fascista”. De todas as formas, o<br />

protagonista indica que o autor de biografias que ele prefere é Stefan Zweig, “apesar da sua<br />

desigualdade, da sua irregularidade, da sua arte inconstante”, e diz gostar especialmente da<br />

biografia sobre Fouché intitulada A luta contra o demônio, sobre a qual expressa que é um<br />

“livro que não posso ler sem ficar doente”.<br />

564 Eis o poema: “Ainda a boca me sabe a melancia,/ ainda os ollos me dan visiós sutís,/ ainda no meu recordo<br />

andas bailando,/ andas bailando ti.// Ainda na minha alma hai uma pena,/ e um desvelo agitado bole em mim;/<br />

ainda no meu inconsolabre ensono/ andas falando ti!” (Las Casas, 1938: 116).<br />

797

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!