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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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A duplicidade de representações volta a aparecer quando os estrangeiros nãoimigrantes<br />

sabem que o seu país virou um país atraente para a emigração de trabalhadores<br />

do país em que se encontram, enquanto que os estrangeiros imigrantes, conterrâneos e<br />

estranhamente contemporâneos desses outros estrangeiros, lembram que, quando eles<br />

chegaram, os naturais do país-destino não escolhiam o seu país como lugar aonde emigrar.<br />

Antes de a imigração, como problema social, se tornar objeto da investigação<br />

sociológica, ela foi um objeto do interesse das ciências jurídicas e, logo, da demografia e da<br />

geografia. Nas ciências jurídicas, sob a compreensão da migração como uma transação<br />

bilateral e recíproca de direito, elaboraram-se estatutos do estrangeiro e hermenêuticas<br />

desses estatutos, e, das ciências da população e do espaço, iniciaram-se os estudos da<br />

emigração/ imigração no tocante à compreensão do fenômeno como um transplante de<br />

população através das formas qualificadas do espaço social (o espaço econômico, o espaço<br />

geopolítico e o espaço da nacionalidade, e o espaço cultural nas suas dimensões simbólicas,<br />

como a língua e a religião).<br />

Ao ressaltar as duplas naturezas do fenômeno migratório, Sayad, por um lado,<br />

assinala que o sujeito migrante deve ser entendido dentro das duas ordens em que está<br />

inserido, a da sua qualidade de emigrante e a da sua condição de imigrante. Por outro lado,<br />

ele assinala que a trajetória e a experiência singulares do emigrante e do imigrante – os<br />

itinerários individuais – hão de ser relacionados com a dimensão de fato coletivo que<br />

constituem as migrações na, por sua vez, dupla vertente desse fato, a do surgimento,<br />

evolução e conservação das condições que permitem a emigração e a da constituição das<br />

condições de existência na imigração.<br />

Para representar alegoricamente o fenômeno migratório, Sayad (1998: 280) vale-se<br />

de uma duna ou de uma rocha. Uma tempestade – o conglomerado das causas de expulsão e<br />

atração – faz com que uma parte se desprenda do conjunto. As partículas desse segmento<br />

transferem-se até encontrarem um acidente do terreno onde pararem. Lá podem permanecer<br />

isoladamente, podem-se dissolver no novo espaço ou, na hipótese de que se concentrem<br />

muitos fragmentos, podem constituir um novo agregado que, contudo, nunca será idêntico à<br />

massa original. Caso uma nova tempestade arraste as partículas em sentido contrário,<br />

devolvendo-as ao seu lugar de origem, elas não poderão integrar de novo a massa da qual<br />

partiram, ora porque ela já não existe mais, ora porque não a encontram, ora porque o<br />

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