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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Quando se frustrou o objetivo de criar uma linha de frente na Guiné espanhola e na<br />

África portuguesa para a causa democrática e iberista do DRIL, a alternativa foi o refúgio<br />

do navio em Gana ou na Guiné [Guinea-Conakry], onde o DRIL se proclamaria vanguarda<br />

da Ibéria libertada. A falta da aquiescência ao propósito do DRIL por parte dos governos<br />

dessas duas repúblicas africanas, o controle que sobre o Santa Maria começara a fazer,<br />

desde o 25 de janeiro de 1961, a VI Frota estadunidense, junto à intercessão de Jânio<br />

Quadros permitindo, a partir do momento da sua posse como presidente da República, o<br />

desembarque do navio em um porto brasileiro e o asilo político aos participantes no<br />

seqüestro, forçaram o DRIL a uma mudança de estratégia. Esta consistia no desembarque<br />

dos passageiros e nos tripulantes no porto do Recife, aos 2 de fevereiro, e dos comandos do<br />

DRIL no dia seguinte, permitindo-se, assim, a assunção do controle do Santa Maria por<br />

parte da Armada do Brasil 326 . Aos 2 de maio de 1961, Pepe Velo, usando o seu codinome<br />

Carlos Junqueira de Ambía, assinou o Prefácio (Palavras preliminares do Diretor Geral do<br />

Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação, Carlos Junqueira de Ambía – O Professor<br />

Bel – um dos protagonistas do assalto ao “Santa Maria” (Muñoz, 1961: 11)) da<br />

supramencionada narração sobre a tomada do transatlântico, intitulada Alô, alô.. “Santa<br />

Maria” chamando publicada em São Paulo, em 1961. Acreditamos que esse Prefácio é o<br />

primeiro texto publicado por Pepe Velo no Brasil. Fora redigido em português e nele ainda<br />

se apresentava o DRIL como um grupo disposto a continuar as suas ações revolucionárias<br />

contra as ditaduras ibéricas 327 . Escreveu Velo:<br />

326 Segundo informa Victor Velo (1996: 41), na reunião tida na última noite a bordo do Santa Maria antes da<br />

entrega do navio à Armada brasileira, Pepe Velo fez uma análise retrospectiva da operação perante os<br />

comandos do DRIL em que declarou: “Conseguiu-se um fato importantíssimo, relembrar ao mundo a<br />

existência das ditaduras ibéricas. Durante quase dez dias, o Santa Liberdade [nome com que se rebatizara o<br />

Santa Maria] foi notícia, de primeira página, em todos os países do planeta e motivo de atenção dos governos<br />

das grandes potências. As atitudes assumidas pelo DRIL, no decorrer da operação, demonstraram não se tratar<br />

de um ato de pirataria, conseguindo dessa forma conquistar a simpatia de milhões de pessoas. Franco e<br />

Salazar sentiram o golpe, mas não esqueçamos que ainda não foram derrubados”.<br />

327 Por sua vez, no seu primeiro ano de exílio no Brasil, Henrique Galvão publicou dois livros contendo o seu<br />

pensamento político anti-salazarista. Em junho de 1961, a editora anarquista Germinal, do Rio de Janeiro,<br />

propriedade do português Roberto das Neves, lançou Colonialismo, anticolonialismo, autodeterminação,<br />

livro em que Galvão denuncia a política do Estado Novo português na África e propõe soluções, baseadas no<br />

direito à autodeterminação dos povos, para o impasse do Império. Meses depois, publicou em São Paulo o já<br />

mencionado Minha cruzada pró-Portugal – Santa Maria, em que retoma os assuntos da denúncia do regime<br />

salazarista que abordara em 1959 na Carta Aberta ao Dr. Salazar [por sua vez reeditada em 1960 pela editora<br />

Germinal] e descreve a sua atuação no seqüestro do Santa Maria. A Frente Antitotalitária dos Portugueses<br />

Livres Exilados (FAPLE) de São Paulo publicou, em 1962, o livro de Galvão intitulado S.O.S. Portugal, 1962<br />

– Depoimento torpedeado e, em 1965, Da minha luta contra o salazarismo e o comunismo em Portugal. Em<br />

1966 publicou em São Paulo o seu único livro de “prosa de ficção” que veio à luz no Brasil, O homem e o<br />

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