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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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grande centro de investigações; este Seminário é hoje a nossa mais categorizada entidade científica, e<br />

é por ele que estamos em relação com todas as universidades notáveis e grandes centros intelectuais<br />

do mundo (Las Casas, 1938: 93-94).<br />

Fernando também comenta as leituras que ele faz. Aos 6 de janeiro escreve que<br />

sempre se interessara pelos estudos que se referem ao séc. XIX na Espanha e que acabara<br />

de ler De la revolución a la restauración, do Marquês de Lerma. Opina que os principais<br />

cargos políticos desse século em quase todos os países foram ocupados por literatos que se<br />

sentiam “personagens de novela”, pelo qual as suas decisões obedeciam a “motivos líricos”<br />

e o ideal político se associou à pureza e não à eficácia (Las Casas, 1938: 101). Aos 5 de<br />

maio registrará que “depois de ler centenas de poemas galegos, cheguei à conclusão de que<br />

o melhor é este de Rosalia de Castro: Cuando penso que te fuches,/ [...]” (Las Casas, 1938:<br />

121-22). Antes, aos 20 de março (Las Casas, 1938: 107-09), qualificara a Galiza como “a<br />

terra dos poetas”, indicando que “só no século XIX registramos mais de trezentos”. De<br />

todos eles os três que mais o apaixonam são Rosalia de Castro (“Rosalia é a feminidade, o<br />

diminutivo trasbordante de ternura, a visão minúscula da vida, a tristeza conformada, a<br />

infelicidade permanente”), Curros Enriquez (“Curros o apóstrofe, a preocupação política, a<br />

acritude, o livre pensamento, o anticlericalismo, o rancor, e, por vezes – em contraste<br />

violentíssimo – a piedade mais efusiva”) e Eduardo Pondal (“significa o celtismo, a<br />

ancestralidade, a voz da raça milenária, o sentido histórico da nacionalidade, o idioma rude<br />

e forte, a virilidade, a vocação apostólica, o messianismo”); salienta que, nos três, “o<br />

idioma passa [...] como dedos divinos nas cordas duma lira excelsa, conseguindo os acordes<br />

mais perfeitos e harmoniosos” e recomenda a leitura, respectivamente, de Cantares<br />

galegos, Aires da minha terra e Queixumes dos pinos – o “único livro impresso” de Pondal,<br />

assinala –. No diário são reproduzidos os seguintes fragmentos:<br />

Doce galeguiños aires,/ quitadoriñas de penas.../ escreve Rosalia; Ladrade, mordede, ride;/ onde<br />

hácha virtu beijade,/ onde hácha vicio feride/ clama Curros; Non cantes tan tristemente,/ pobre e<br />

desolada mai;/ non lle cantes cantos brandos/ pra adormecer o rapaz;/ cántalle cantos ousados/ que<br />

esforzado o peito fan.../ pede Pondal (Las Casas, 1938: 108).<br />

Em uma nova visita à biblioteca do paço, segundo registra o 18 de março (Las<br />

Casas, 1938: 104-06), localiza romances de Galdós, Alarcón, Pereda, poemas fruto da<br />

“sensível feminidade” de Bécquer, obras que contêm a erudição da condessa de Pardo<br />

Bazán, a “fina ironia” do P. Coloma, as “amplas sonoridades” de Espronceda, a<br />

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