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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Klein publicou um breve estudo intitulado A imigração espanhola no Brasil; embora esse<br />

discurso visasse tanto a descrição geral da experiência imigratória espanhola quanto a<br />

avaliação do processo de integração dos imigrantes espanhóis no Brasil, o autor baseou-se,<br />

quase exclusivamente, em dados relativos à imigração no Estado de São Paulo. Mediante<br />

esse livro, Klein declarou que, se bem não objetivara uma avaliação definitiva do fenômeno<br />

imigratório, pretendia preencher a lacuna gerada pela escassez de monografias, ainda<br />

constatável a começos da década de 1990, sobre o assunto. Em A imigração espanhola no<br />

Brasil explicam-se globalmente os motivos da emigração dos espanhóis para o Brasil e<br />

comentam-se características gerais de algumas experiências deles durante a sua<br />

permanência no Brasil. Hebert Klein encerra o seu estudo concluindo que:<br />

no final do século XX, não existe mais uma comunidade espanhola de traços próprios e claramente<br />

identificáveis no Brasil, apesar dos 750 mil espanhóis que fizeram desse país seu lar. Mesmo com a<br />

adição da segunda geração nascida no Brasil, essa população de bem mais de um milhão de<br />

imigrantes espanhóis tornou-se parte integral da cultura nacional (Klein, 1994: 94).<br />

Embora se trate de um estudo sumário, a sua vocação de abrangência habilitou-o<br />

como referência introdutória em trabalhos posteriores para o entendimento da expansão dos<br />

espanhóis pelo Brasil 239 . Mas o seu lugar pioneiro, junto a asseverações carentes de<br />

alicerces sólidos, fez também com que autores posteriores salientassem o que consideraram<br />

as suas incongruências. Assim, criticou-se a afirmação categórica contida no livro de que a<br />

mão-de-obra espanhola fora aproveitada para as lidas da cafeicultura fazendeira e para a<br />

emergente indústria. Elena Pájaro Peres, em A inexistência da terra firme – a imigração<br />

galega em São Paulo (1946-1964) (Peres, 2003), rebate essa argumentação. Ela salienta<br />

239 Klein (1994: 26-27) dá o nome de um galego que alcançara uma posição de poder no Brasil pelo sucesso<br />

econômico que obtivera com a cultura do café da sua fazenda (“um dos poucos cafezais de grandes dimensões<br />

de propriedade de um espanhol, nesse período inicial da imigração”). O pesquisador haveria tirado essa<br />

informação de notícias publicadas pelo paulistano El Diario Español em 22 de maio e em 25 de junho de<br />

1913. A fazenda seria a chamada “Boa Esperança”, no município de Monte Verde, localizado por Klein na<br />

divisa São Paulo-Goiás. Essa localização não é possível por não haver divisa entre esses dois estados. Há, no<br />

entanto, um município chamado Monte Verde na divisa de São Paulo e Minas Gerais. Diz Klein que a<br />

fazenda Boa Esperança era de propriedade do galego Juan Saborida, “capitão da Guarda Nacional”, e que, na<br />

década de 1910, nela se produziam 14 mil arrobas de café por ano. Segundo o pesquisador, essa fazenda<br />

empregava 45 famílias de colonos, a maioria de origem espanhola. Ele salienta que os conflitos nas relações<br />

de trabalho motivados pela exploração à que eram submetidos os peões não eram diferentes dos que<br />

estouravam nos latifúndios propriedade de brasileiros: “Em maio de 1913, as famílias, com exceção de<br />

dezesseis, entraram em greve por causa dos salários e das condições de trabalho e foram expulsas da fazenda.<br />

No contrato com as dezesseis famílias restantes, os proprietários impuseram condições bastante duras,<br />

incluindo limites muito estritos sobre as plantações de alimentos permitidas aos colonos e a exigência da<br />

venda de todos os produtos ao dono da fazenda” (Klein, 1994: 27). Não encontramos nenhum exemplar de El<br />

Diario Español dessas datas e, portanto, não nos foi possível cotejar esses dados.<br />

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