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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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“movimentos secessionistas” 514 e para, simultaneamente, conseguir a aglutinação da<br />

cidadania a fixação, por parte do Estado, de uma “política internacional constante e bem<br />

definida” que suponha a configuração de objetivos, e inimigos, externos e comuns frente<br />

aos quais se requeira a união de todas as vontades e de todos os anelos nacionais que<br />

convivem no Estado. No ponto nono, “Ar de eternidade”, Las Casas predica que os<br />

cidadãos não se obcequem com os problemas triviais do dia-a-dia, de solução certa, e que,<br />

pelo contrário, de uma larga perspectiva imperial, se preocupem com a realização de fins<br />

transcendentes para o Estado. Para que isso seja moralmente viável, ele recomenda que o<br />

Estado oficialize a vinculação da nacionalidade que o constitui com alguma religião, pois<br />

os fins transcendentes são os ultra-terrenos e a felicidade plena dos súbditos só se encontra<br />

em um porvir indefinido (o “dinamismo da sua ação expansiva [“do Estado”] não pode<br />

rebaixar-se a preocupações só mercantis, senão que tem de avançar com uma preocupação<br />

de suprema espiritualidade”) 515 . No último ponto, “A formação da juventude”, enuncia as<br />

medidas higiênicas que, mediante a ginástica e o excursionismo, e seguindo o modelo<br />

espartano, moldariam virtudes nos jovens de uma nação e fariam deles “um povo guerreiro<br />

por excelência”. Inclusive, expõe como ele agiria caso ele chegasse a ser o chefe de um<br />

Estado:<br />

Se de mim dependesse organizar um Estado, é possível que até os doze ou quatorze anos as crianças<br />

não soubessem ler nem escrever, mas saberiam cantar e dançar, tirar dardos valentemente e apontar<br />

os arcos olhando para o sol; dormiriam de noite pelos bosques, para escutar até o mais fundo da<br />

entranha o rumor da natureza pátria, e cada manhã, frente o mar, sentiriam angústias de distância. Em<br />

radiantes provas conjuntas, nas quais os mais esbeltos estariam em destaque, os animaria a sentir<br />

sempre crescentes estímulos de superação.<br />

A juventude assim, deslumbraria: forte, corajosa, bela (Las Casas, 1937b: 131-32).<br />

514 Os “movimentos secessionistas” ou os “motivos de desagregação”, segundo Las Casas (1937b: 128-29)<br />

podem aparecer em qualquer momento em qualquer Estado. Por tais ele entende “correntes de autonomia,<br />

fermentos de separatismo; os dialetos que de todo idioma se originam, a administração deficientes das<br />

províncias remotas, a rivalidade entre as grandes cidades, a diversidade da vida econômica entre umas e<br />

outras regiões, etc.”. Esses “motivos de desagregação”, ainda nas nações mais consolidadas e homogêneas<br />

causam “uma espécie de força centrífuga de resultados difíceis de calcular”.<br />

515 A declaração do confessionalismo do Estado independe, na visão de Las Casas (1937b: 130-31), do tipo de<br />

credo. Las Casas não se restringe ao catolicismo e admite que possa haver Estados confessionalmente<br />

protestantes ou maometanos. Também ressalva que o Estado não deve exercer a coerção sobre os cidadãos<br />

que não compartilhem a religião oficial, embora acredite que sobre esses sujeitos deve-se proceder com ações<br />

pastorais: “Não quero dizer que o Estado, oficializando uma religião, a imponha com todo o seu poder<br />

coativo; deve respeitar todas as crenças, deixando-as em liberdade absoluta, porém, com emoção apostólica,<br />

deve procurar o convencimento, a catequização, a conversão a aquela religião que ele estima verdadeira”.<br />

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