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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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detalhe. Las Casas refere-se à decadência em que se afundara a cidade no séc. XIX e louva<br />

o labor realizado pelo governador João Pessoa para renová-la e modernizá-la. Além do<br />

mais, recomenda aos que decidam visitar a cidade que procurem uma série de<br />

personalidades que ele nomeia para que os aconselhem que visitar e lhes sirvam de<br />

cicerones. Se esses turistas isso fizerem diz: “Partireis de João Pessoa, como eu, com<br />

muitas, muitas saudades” (Las Casas, 1939: 106) 545 .<br />

O seguinte destino é a cidade de Recife. O autor faz o percurso por terra e observa<br />

que, assim como entre o Ceará e a Paraíba não havia diferenças no relevo, na paisagem, na<br />

agricultura praticada e no clima, entre a Paraíba e Pernambuco também se mantém essa<br />

homogeneidade. As observações geográficas que realiza Las Casas, levam-no a apresentar<br />

a sua disquisição acerca da divisão setentrional do Brasil. Ele diz que, no Rio de Janeiro, é<br />

comum entre as gentes denominar o país que se encontra acima do paralelo de Cabo Frio<br />

como o Norte. Ele crê, no entanto, que é preciso diferenciar entre três grandes regiões: a<br />

Amazônia – úmida, matosa e exuberante, “de gentes efusivas e loquazes” –,<br />

compreendendo os Estados de Amazonas, Pará e Maranhão, o Nordeste – seco, plano, “de<br />

gentes silenciosas e sóbrias” –, compreendendo os Estados do Piauí, do Ceará, do Rio<br />

Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco, e a zona atlântica – ondulada, verdoenga,<br />

“de tipo muito semelhante à costa espanhola do Levante” –, compreendendo os Estados de<br />

Alagoas, Sergipe, Baía, Espírito Santo e Rio (Las Casas, 1939: 106). Relaciona essas três<br />

regiões com a diacronia dos ciclos econômicos do Brasil, acontecida em uma descida do<br />

Norte às regiões frias. Assim, em um claro erro, diz que o primeiro desses ciclos – o do<br />

ouro – se desenvolveu na Amazônia, o segundo – o do açúcar – em parte do Nordeste e da<br />

zona atlântica – Pernambuco e na Baía – e o último, o contemporâneo, – o do café – em<br />

uma outra região, no Estado de São Paulo.<br />

545 As recomendações sobre cicerones que faz Las Casas (1939: 105-06) y os lugares que ele acha dignos de<br />

visitar em João Pessoa são os seguintes: “Procurai o dr. Arcoverde, o dr. Abelardo Jurema, pessoas<br />

distintíssimas e cheias de merecimentos, e que eles vos mostrem a cidade com a mesma hospitaleira atenção<br />

com que a mim me atenderam. Vede o grandioso leprosário, o abrigo de menores, o asilo de mendicidade, o<br />

parque “Arruda Câmara”, a Escola Normal, o simpático e acolhedor “Clube Astrea”, o Palácio de<br />

Comunicações, o Palácio das Secretarias, o novo e colossal Instituto de Educação. Ficareis assombrados.<br />

Procurai o paternal dr. José Mariz, ou o cordialíssimo dr. José Alves de Melo, e que vos mostrem os<br />

suntuosos grupos escolares, que bem poderiam albergar universidades; estudai Evolução do ensino na<br />

Paraíba, de J. Batista de Melo, e vereis como aqui preocupam os problemas da cultura. Encontrai-vos com o<br />

poeta Lionel Coelho, e senti com ele a calam boêmio das ruas penumbrosas. Partireis de João Pessoa, como<br />

eu, com muitas, muitas saudades”.<br />

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