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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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orientações do internacionalismo seguidas após a Primeira Guerra Mundial 505 , observáveis<br />

nas conferências pan-americanas, nos clubes rotários, nos P.E.N. clubes, nas federações de<br />

estudantes, nas ligas de ex-combatentes, ou seja, nas formas típicas de assistência, entre as<br />

quais não inclui a S.D.N., por considera-lo um organismo “fictício, incômodo, caro e inútil”<br />

devido a não haver sido dotado de meios coercitivos e ao seu regime de desigualdade, em<br />

que só se protegeu as nacionalidades sem Estado das potências perdedoras. De fato,<br />

considera que a continuidade da Sociedade das Nações convertera-se mesmo em um risco<br />

para a conservação da paz 506 . Ele deposita a sua grande esperança para a consolidação de<br />

um novo internacionalismo, efetivo e sadio, na juventude, que transcenderá as fronteiras,<br />

para satisfazer a sua curiosidade, em viagens favorecidas pelos novos meios de transporte a<br />

baixo custo, e que se comunicará usando um glossário franco 507 , pois ele crê que esse<br />

505 A “Grande Guerra” européia acontecera, na visão de Las Casas (1937b: 51), pela perda do instinto de<br />

solidariedade que desembocara no enfrentamento das nações de um continente que durante séculos lutara<br />

unido contra o Islã. Ele, apoiando-se em Oswald Spengler, faz a seguinte análise de algumas das<br />

conseqüências para o Ocidente da Primeira Guerra Mundial e antevê, como se segue, um iminente conflito:<br />

“Com razão lembra Spengler que em 1919 não foram os impérios centrais os vencidos, senão todos os<br />

europeus, e os vencedores foram os homens de cor que voltaram à África orgulhosos de terem massacrado os<br />

brancos em pleno coração da Europa. A nova Grande Guerra, que durante vários séculos esmagará o velho<br />

continente, será possível porque os estados europeus em vez de relacionar-se lealmente entre si, e estabelecer<br />

nobres acordos para manter a necessária hegemonia na Ásia e reduzir a pavorosa fogueira africana, aumentam<br />

as suas diferenças e fortificam as linhas das suas fronteiras, preferindo o suicídio ao convívio”.<br />

506 Esta é a visão de Álvaro de Las Casas (1937b: 53-54) sobre a Sociedade de Nações em relação à sua<br />

inoperância para resolver a problemática das nações sem Estado e para arbitrar nas disputas entre os Estados:<br />

“A história da S.D.N. demonstrou claramente o seu fracasso. Na sua secção de minorias, destinada a defender<br />

os direitos de grupos humanos que habitaram sob a soberania de estados com religião, idioma, etc., diferentes,<br />

não se conseguiu nem uma só vantagem importante que aliviasse o calvário dos submetidos, e em quantos<br />

conflitos se originaram a partir de 1920, nem logrou evita-los, nem minora-los, nem tão sequer teve coragem<br />

para decidir a declaração de agressor, pondo em vigor afetivo os artigos 15 e 16 do Pacto. Frente a qualquer<br />

problema grave, a sua posição foi sempre indecisa, covarde, claudicante. A sua continuidade começa a<br />

significar um perigo para a paz. Sentindo-se incapaz de ser o alto tribunal regulador das relações interestatais,<br />

de ser a expressão concreta do ideal internacionalista, derivou as suas atividades a encaminhar problemas de<br />

fatos universais, mas problemas pequenos, minúsculos, perante os eternos e transcendentes problemas do<br />

nosso tempo: a regulamentação do comércio do ópio, a fiscalização da venda de entorpecentes, o tráfico de<br />

brancas, etc., etc. Como se orientará, então, o ideal internacionalista? Não acredito na morte da S. D. N., pois<br />

tanto a França como a Inglaterra não consentirão na dissolução de um conclave que governam facilmente e<br />

que serve muito bem a sua política, nem creio na sua universalização, porque os estados que nela não<br />

entraram em tempo e aqueles outros que mais tarde a desprezaram, sob nenhuma condição se decidirão a<br />

fortalece-las com a sua assistência”.<br />

507 Las Casas (1937b: 55) não acredita que seja possível a aceitação de um idioma universal, mas crê que será<br />

possível a comunicação internacional através de um socioleto formado por vocábulos fundamentais para o uso<br />

dos modernos viajantes. Ele “vão impondo a unânime adoção, não de um idioma único – como outrora foi a<br />

ilusão dos esperantistas – mas sim de uma longa série de palavras com as quais nos entendemos nos mais<br />

remotos confins: restaurant, stop, wagon-lit, brasserie, etc. É possível pensar que por este caminho<br />

chegaremos em toda parte à aceitação de um pequeno vocabulário que nos satisfaça no mais necessário, e<br />

assim as facilidades de viagem aumentarão, e o conhecimento entre os homens poderá ser mais estreito”.<br />

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