26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

(1992) 17 no Libro Terceiro de Sempre en Galiza 18 . Após levar dois anos de residência na<br />

República Argentina, o autor mencionava os matizes desencontrados na percepção sentida<br />

da terra natal entre um imigrante estável – “prófugo do sacho” – e ele, um desterrado de<br />

difícil repatriação que, embora deslocado na “Galiza ideal, livre e sonhada”, logo, irreal,<br />

jamais tivera “vocação de emigrante”:<br />

Nóvoa Santos atopouse no perigo de morrer lonxe do berce orixinal, e sinteu unha “especie de<br />

remordimento”, que el chamaba “morriña”, porque a “morriña” dos emigrados que triunfan non é<br />

máis que unha “especie de remordimento”. E Nóvoa Santos, como Valle Inclán, foi morrer â terra<br />

nativa, para pagar, co seu nome grorioso e cos seus restos mortaes, unha deuda inmorrente, que<br />

endexamáis será pagada. Pero eu non son un emigrante, porque non saín vontariamente de Galiza,<br />

mundo adiante, á cata de tesouros e de grandezas. [...] Teño morriña; pero a miña door non é, non,<br />

unha “especie de remordimento”, porque nunca lhe fuertei â miña Terra nin os meus pensamentos<br />

nin o meu traballo. Por eso quero retornar a Galiza; máis non para morrer, senón para vivir (Castelao,<br />

1961: 490) 19 .<br />

Nesse momento, Castelao era um exilado galego que fora acolhido em Buenos Aires<br />

e não aspirava a se sentir parte integrante da então moderna nação argentina, nem pretendia<br />

se dedicar a imaginar modelos para a construção da identidade nacional desse outro país.<br />

No texto destacado, observa-se que Castelao se sentia orgulhoso de, ainda que estivesse<br />

longe da Galiza, saber conservar, incólume, a sua cultura pré-migratória, e de poder, assim,<br />

continuar a refletir e teorizar sobre a identidade do país do qual tivera que escapar. Apesar<br />

da sua ausência, ele continuava na Galiza, mantendo imutável o seu galeguismo diferencial.<br />

Supõe-se que, no Brasil, os imigrantes galegos, frente a disposições parecidas com a<br />

de Castelao na Argentina, tiveram mais a ganhar abraçando, tanto algum dos paradigmas da<br />

17 Usa-se a edição crítica de Sempre em Galiza publicada em 1992, a qual contém o fac-símile da 2ª edição da<br />

obra, publicada em Buenos Aires, em 1961. Essa edição crítica contém uma dupla numeração, a própria e a<br />

correspondente ao fac-símile da 2ª edição de Sempre em Galiza. A citação, incluída no corpo do texto, dessa<br />

obra de Castelao é indicada pela numeração original do fac-símile.<br />

18 Em Sempre en Galiza, Castelao alude ao Brasil em sete ocasiões (Castelao, 1992: 42, 285, 331, 361, 421,<br />

447 e 455) e faz uma referência específica ao Rio de Janeiro (Castelao, 1992: 463). Essas menções ao Brasil<br />

surgem, em primeiro lugar, quando expõe a difusão sintópica da língua galega. No juízo de Castelao, a<br />

extensão da língua galega vai além de suas fronteiras espanholas e abrange o Brasil, Portugal e as, então,<br />

colônias portuguesas. Por outro lado, em suas reflexões sobre o equilíbrio que propiciaria um ideal autêntico<br />

de Hispanidade, o autor reporta à fortalecedora inclusão do Brasil para a construção da convivência entre os<br />

povos hispânicos. O referimento ao Rio é superficial e meramente conjuntural; suas estadias nessa capital<br />

aconteceram em função das escalas das suas viagens: “Con esta xa van alá sete veces que paso por Rio de<br />

Xaneiro. Os monstros xeológicos que gardan a bahía son os mesmos de sempre, pero de cada vez que os vexo<br />

semellan outros. Tamén as ideias máis firmes toman o tinte das novas circunstancias” (Castelao, 1992: 463).<br />

19 Roberto Nóvoa Santos (1885-1933). Médico e escritor corunhês, catedrático de Patologia Geral nas<br />

Universidades de Santiago de Compostela e Madri. Foi deputado da ORGA pela Corunha nas eleições de<br />

1931 (cf. Castelao, 1992: 489).<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!