26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

egião a mais desventurada do Brasil. [...]Quando chega o flagelo [da seca] não fica nem uma árvore,<br />

nem uma erva, nem onde encontrar um copo de água. Ainda na normalidade a água aprecia-se como<br />

o maior tesouro. Vi um menino que voltava da fonte minúscula, trazendo um pequeno moringue na<br />

cabeça; tive a impressão que transportava azeite sagrado para um cerimônia litúrgica, tal era a<br />

solenidade do seu passo e o cuidado com que suas mãos sustinham o precioso recipiente (Las Casas,<br />

1939: 90-91)<br />

E sobre a violência gerada pelo banditismo – o cangaço – no sertão no linde entre o<br />

Ceará e a Paraíba faz o seguinte comentário:<br />

Estamos na região mais típica do cangaço. O campo é triste, melancolicamente triste. Na beira da<br />

estrada abundam toscas cruzes de madeira mal pintada, que lembram mortes desastrosas. Cá foi um<br />

velhote que vinh Ada feira, lá uma moça que foi vítima de um mal amor, além de um namorado que<br />

sucumbiu perante um rival enlouquecido. Cruzamos um grupo que eu juraria ser cabras. As rodovias<br />

acabarão com este flagelo – anuncia muito bem o dr. Amorim. o – Você não sabe como era isto antes<br />

da penetração da Inspetoria (Las Casas, 1939: 99).<br />

Ele (Las Casas, 1939: 99) sugere, trazendo à colação a tradução ao castelhano, como<br />

Los desiertos – “que tanto agradou ao meu caro colega Donatelo Grieco” –, do título da<br />

obra Os Sertões, que este seja traduzido como Los Paramos, apesar da vegetação do sertão<br />

ser de mangue, cactos e carnaubais. O tipo cearense e paraibano é para Las Casas (1939:<br />

97) inconfundível – “pequeno, magro, de rosto triangular, de olhos verdes, frente larga e<br />

lábios muito finos, forte, nervoso, pouco falador...” –. Diz que esses indivíduos sertanejos o<br />

impressionaram tanto que decidiu compor um soneto resumindo as suas emoções sobre<br />

eles. No capítulo Os sertões, além desse soneto sem título sobre o sertanejo cearense,<br />

escreve um outro poema de seis estrofes de quatro versos hendecassílabos com rima<br />

assonante nos pares dedicado à cidade de Campina Grande 542 . Esse outro poema, também<br />

sem título e em espanhol, justifica-o porque a agradável sensação tida por ele nessa cidade<br />

542 O soneto é este: “Una pena en los ojos infinita/ donde vagan ensueños casi muertos,/ y en los labios,<br />

apenas entreabiertos,/ una sonrisa que se cae marchita.// La pobre choza que infeliz habita,/ unos caminos que<br />

blanquean inciertos,/ y al fondo un reverbero de desiertos/ y un resplandor que por violento irrita.// La mirada<br />

que avanza paso a paso/ en espera del ocaso/ que en sus ojos sombríos ya refleja...// Y en la voz las angélicas<br />

dulzuras/ de quien bebe su cáliz de amargura/ sin proferir la más pequeña queja” (Las Casas, 1939: 91). Eis o<br />

poema dedicado a Campina Grande e à sua feira: “Para la feria de Campina Grande/ me diste una cita,<br />

recuérdalo bien;/ acudí garboso con la faca al cinto,/ y tú te olvidaste de comparecer.// Acudí en un potro tan<br />

bien enjaezado/ que todos los mozos, al verme pasar,/ confundiendo el porte con las condiciones,/ gritaban:<br />

buen viaje, señor capitán.// Chambergo de cuero muy fantaseado,/ bergajo con puño de plata t marfil,/ y faja<br />

de trenza y espuelas de plata.../ me vestí de fiesta solo para ti!// Por qué no acudiste ayer a la cita?/ Qué viento<br />

maligno te desmemorió?/ Me quedé tan triste de no verte, amante,/ que ning´n vecino me reconoció.// Ay<br />

Campina Grande! Tumba de mis ansias,/ puerto sin navíos, camino sin fin,/ estrella sin noche, llanto sin<br />

consuelo,/ alba sin luceros... Mi Alcazarquivir!// Volví de la feria de Campina Grande/ tan alicaído que era<br />

una aflicción./ Pobre caminante sin rumbo preciso/ que en idas y vueltas todo lo perdió”.<br />

761

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!