26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

enfocou não à divulgação da literatura brasileira no Brasil senão à divulgação desta no<br />

próprio Brasil. Assim, menciona a Carmen Dolores Barbosa, mecenas e criadora de um<br />

prêmio literário com o seu próprio nome 413 , e ao exilado catalão Manuel Segalá, ele mesmo<br />

poeta e, simultaneamente, editor. Segundo Pinto do Carmo (1959: 57), Segalá coordenou a<br />

coleção Moldoror, da Livraria Civilização Brasileira, confeccionou, na sua prensa manual,<br />

trabalhos de Cecília Meireles, Geir Campos, Aníbal Machado, Machado de Assis e Manuel<br />

Bandeira e fez circular a revista de poesia A Sereia.<br />

Bráulio Sánchez-Sáez inaugurou a coleção Biblioteca Universitária Anchieta, da<br />

Editora Anchieta Limitada publicando em 1942, na cidade de São Paulo, a obra Cultura<br />

Hispano-Americana que levava como subtítulo, em língua espanhola, “Forma y expresión<br />

de Cultura Hispánica” e tinha prólogo de Tasso da Silveira. A obra é um conjunto de<br />

pequenos ensaios sobre a literatura espanhola e de biobiografias de escritores espanhóis e<br />

hispano-americanos. No total são 33 capítulos; cronologicamente, parte-se das cantigas de<br />

o curso sobre Cervantes que ministrara Sánchez-Sáez na Faculdade de Direito da USP, a partir do qual se<br />

gerou a obra inicialmente publicada em 1940. Além disso, Cavalheiro avalia, do ceticismo, os projetos que até<br />

o momento foram executados com vistas à aproximação entre o Brasil e os países hispânicos: “Confesso, com<br />

toda a franqueza, não acreditar muito na maioria desses cavalheiros, fomentadores de intercâmbios<br />

intelectuais. Em geral, o que eles desejam são belas viagens, livros de graça e “otras cositas más”, nem<br />

sempre confessáveis. Claro que haverá exceção e é precisamente sobre uma que tratarei neste comentário.<br />

Antes, porém, não serão descabidos alguns ligeiros reparos em torno de um tema interessante como esse da<br />

aproximação entre “nações amigas”, ou “nações irmãs”, como dizem os comunicados, que volta e meia<br />

surgem por aí, anunciando a criação de um novo centro, sociedade, clube ou que outro nome tenha. É<br />

indiscutível que o intercâmbio intelectual entre países vizinhos representa necessidade vital na vida dos<br />

povos, sobretudo entre povos com tantos interesses paralelos, com tantas afinidades históricas, morais,<br />

espirituais, etc. Não deixa mesmo de ser um lugar comum muito feio estar repetindo coisas tão sabidas. Mas<br />

não deixa, também, de ser uma corriqueira verdade a verificação de que pouco se conseguiu fazer de positivo<br />

nessa onda de boa intenção, constantemente à tona. O assunto é muito vasto e complexo para ser abordado em<br />

poucas linhas. Infelizmente, a realidade é esta: por intermédio de grupos, o intercâmbio entre países ainda não<br />

passou em planos gerais, de belo sonho de alguns idealistas. Curioso, no entanto, é o fato de que, se,<br />

coletivamente, pouco se fez, individualmente não têm faltado uns poucos senhores, cuja soma de serviços<br />

prestados a um melhor conhecimento da nossa gente e da nossa cultura é, na verdade, extraordinária. Não<br />

quero relacionar nomes, para evitar injustas omissões. Prefiro centralizar estas linhas num único, talvez um<br />

dos mais antigos ou mais constantes, e que maior soma de serviços terá prestado. Aquele que há longos anos<br />

não tem feito outra coisa senão falar do Brasil, dos seus escritores, da terra e da gente, que já considera parte<br />

integrante do seu ser. Refiro-me, como todos devem ter percebido, a Bráulio Sánchez-Sáez, que ainda há<br />

pouco tempo nos brindou com um curso sobre Cervantes, curso ora reunido num volume muito bem<br />

apresentado e que circula por aí sob os auspícios da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, da<br />

qual, ele fez parte, como professor de Língua e Literatura Castelhanas e Hispano-americana” (Sánchez-Sáez,<br />

1967: 5-6).<br />

413 Do prêmio Carmen Dolores Barbosa, Pinto do Carmo (1960: 57) informa do seguinte: “Em 1953, criou a<br />

distinta senhora, para incentivar o ambiente literário, o prêmio que lhe tomou o nome. Naquele ano a láurea<br />

coube a José Lins do rego (Cangaceiros); em 1954, a Cornélio Pena (Menina Morta); em 1955, a Orígenes<br />

Lessa (Rua do Sol); em 1956, a Guimarães Rosa (Grande sertão – Veredas); em 1957, a Antonio Olavo<br />

Pereira (Marcoré) e em 1958, a Jorge Amado (Gabriela, cravo e canela)”.<br />

586

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!