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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Dentro da possível dialética de representações é preciso reparar que, em uma<br />

primeira dimensão, os galegos ausentes (imigrantes ou não-imigrantes), como categoria<br />

marcada, podem inclusive fazer parte das representações sobre a identidade galega<br />

formadas por galegos não-expatriados. Nestas, os imigrantes podem ser contemplados<br />

como sujeitos custódios de essências identitárias galegas e, paralelamente, como sujeitos<br />

transformados em relação ao seu momento pré-migratório, já que a circunstância e<br />

existência internacional deles tê-los-ia alterado. A duplicidade identitária converte, logo, os<br />

imigrantes em merecedores de reconhecimento e tributos, pela sua fidelidade patriótica, e,<br />

simultaneamente, em sujeitos suspeitos de hibridez nos quais poderão assomar, em<br />

qualquer momento, mostras de abrasileiramento. Sayad (1998: 230) indica que os<br />

desdobramentos conformam um sistema de dupla referência em que os mesmos dados de<br />

experiência podem servir para mecanismos que levam a resultados completamente opostos.<br />

Em uma segunda dimensão, galegos ausentes, mas não-imigrantes (exilados,<br />

pesquisadores, turistas), podem descrever, desde a sua ótica de deslocados supostamente<br />

incólumes na sua identidade nacional, as representações que eles captam dos galegos<br />

imigrantes como categoria marcada. A origem dupla das representações sobre um país e os<br />

seus naturais acontece, sobretudo, quando convivem anacronicamente uns estrangeiros que<br />

são representantes de um país que se modernizou, e deixou de ser um país de emigração<br />

para se converter em um país de imigração, e os remanescentes, com a sua descendência,<br />

dos períodos em que esse mesmo país era um país atrasado ou depauperado que precisava<br />

enviar os seus excedentes de população a trabalhar no exterior.<br />

A diferença entre eles manifesta-se, em primeiro lugar, nas condições sociais que<br />

motivaram as suas partidas e que os caracterizam durante a sua estadia no exterior. Junto a<br />

isso, estão as posições políticas, econômicas e/ ou culturais que os acompanham no exterior<br />

e que revelam o tipo de visto com que justificam a permanência fora do seu país.<br />

O estrangeiro ao redor de quem surgem as representações do país modernizado leva<br />

uma vantagem dupla sobre o imigrante. Esse estrangeiro ostenta tanto o prestígio do visto<br />

que lhe permite estar no exterior quanto os valores positivos associados ao país do qual<br />

procede. Por sua vez, o imigrante, representa uma dupla dominação, pois ele é, como mãode-obra,<br />

além de um sobejo do seu país, o representante arqueológico de um país que<br />

esteve dominado no cenário internacional.<br />

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