26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

consideração sociedades modernas em larga escala, com milhões de pessoas: e assim a subcultura –<br />

como sua matriz “cultura” – seleciona o homogêneo em detrimento do heterogêneo, o uniforme<br />

contra o fragmentário, o singular contra o plural, o estático contra o fluido, o holístico contra o<br />

parcial, as conexões contra as disjunções, a identidade contra as diferenças.<br />

O erro produzido é duplo: não só se estendem às culturas nacionais aqueles conceitos e métodos<br />

aplicados nas pesquisas etnográficas em contextos restritos (aldeias), mas se acaba inclusive<br />

sustentando que nas sociedades chamadas “simples” haveria um caráter uniforme (mas não nacional)<br />

e sem indivíduos!<br />

Assim, nas sociedades “complexas” há somente um caráter nacional, e nas chamadas “simples” há<br />

somente um caráter individual...<br />

Está na hora de eliminar as distinções etnocêntricas entre sociedades simples e complexas,<br />

juntamente com os caracteres nacionais e as várias subculturas, todas marcadas pela idéia de<br />

uniformidades e pela reprodução de estereótipos. É tempo de defender os fragmentos, as<br />

parcialidades, as diferenças, como uma parte da antropologia já começou a fazer (Canevacci 2005:<br />

17-18).<br />

Na visão de Canevacci já não há uma categoria geral (a cultura humanista) capaz de<br />

englobar categorias particulares como se estes fossem segmentos homogêneos e estáveis (o<br />

caráter nacional); portanto, segundo Canevacci, as sub-culturas não existem mais. Ele<br />

acredita que cumpre transitar entre os nós e os outros conhecendo as disjunções e as<br />

parcialidades do nós e do outros, os quais não devem ser unificados, pois reivindicam,<br />

vivem e praticam parcialidades extremas e irredutíveis diferenças.<br />

III. 4. O imigrante como vítima<br />

Como estrangeiros não-imigrantes residentes na França, Sayad, Kristeva e Todorov<br />

examinaram os problemas aos que se tem que enfrentar o sujeito estrangeiro. Dos três, só<br />

Todorov indica uma solução clara para esses problemas. Baseando-se no sucesso da sua<br />

estratégia, Todorov recomenda a transculturação. Desde a sua chegada ao país receptor, ele<br />

optara por, sem ocultar o seu passado exógeno, se deixar permear pela cultura francesa. A<br />

sociedade francesa permitiu a presença de Todorov e reconheceu o mérito do seu esforço na<br />

sua incorporação a ela. Como intelectual, foi-lhe permitido aplicar o seu ponto de vista<br />

diferencial de estrangeiro e ele pôde realizar-se profissionalmente. Todorov até mesmo<br />

acredita que a condição de estrangeiro fornece uma amplidão benéfica de perspectiva para a<br />

observação social. Sabendo ele conviver com os outros – os nacionais –, eles não o<br />

questionaram, nas vivências do dia-a-dia, por ele se ter assentado em um país do qual não<br />

221

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!