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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Casas sopesa que, entre eles, não havia estadistas, nem técnicos, nem moços universitários<br />

ilustrados e esperançosos. Tratava-se, pelo contrário, de<br />

pobres padeiros analfabetos de longa história republicana, sapateiros que um dia organizaram bem<br />

um motim, empregados públicos que nunca apareceram na repartição, jornalistas atrevidos,<br />

“escrevinhadores” medíocres, desempregados de província, dezenas e dezenas de indivíduos<br />

imprestáveis, enaltecidos nas candidaturas por uma dezena de nomes autenticamente insignes –<br />

obrigados a suportar semelhante camaradagem: Ortega y Gasset, Marañón, Unamuno, Sánchez<br />

Román, Jiménez Asúa, Martínez Risco, Ruiz Funes, Feced, Gabriel Alomar... (Las Casas, 1937a:<br />

189-90).<br />

O sistema eleitoral é visto por Las Casas como incompreensível e absurdo, pois<br />

permitia que os piores ascendessem e que eles, desde o poder, desdenhassem os técnicos<br />

mais exímios e favorecessem os mais indesejáveis “desde que arranjassem uns centos de<br />

votos”, ficando postergado “o grande problema de salvar para sempre a Espanha”. De todas<br />

as formas, ele qualifica Julián Besteiro – o presidente das Cortes Constituintes – como “um<br />

dos homens mais finos e pior compreendidos da Espanha” –. O resultado é a formação de<br />

três “potências” políticas diferentes, mas igualmente desorientadas, e igualmente fracas. O<br />

autor observa no novo regime a repetição de procedimentos que caracterizaram o<br />

enfrentamento entre conservadores e liberais desde a invasão francesa. Por um lado, ele<br />

percebe que se mantém entre os militantes a estratégia de renegar dos princípios de um<br />

partido, abandonando o chefe político, quando se julga perdida ou remota a vitória, e de<br />

transfugir para o bando oposto que, em conseqüência, acaba se fragmentando ao passar a<br />

albergar posicionamentos díspares. Por outro lado, ele frisa que a falta de autoridade e de<br />

poder continuava impedindo que as agrupações políticas exercessem um poder<br />

centralizado:<br />

Por outra parte, a pequena impúbere república, para não desmentir o hábito que domina entre os<br />

liberais espanhóis, vê-se sujeita à tutela – absurda, nefanda e maldita – dos comitês locais, onde<br />

sempre impera a decisão dos mais audaciosos, e ninguém, nem o próprio chefe do governo, tem<br />

autoridade para libertar-se deles reduzindo-os às suas mínimas e naturais proporções. São os tais<br />

comitês que, desde 1808, se dispersam, lívidos de pavor, na hora adversa, e que, no momento<br />

propício, tudo querem dirigir e arranjar, dificultando, entorpecendo e malogrando toda obra útil e<br />

perdurável de governo (Las Casas, 1937a: 191-92).<br />

Na análise da estrutura do poder na II República, Las Casas detém-se no poder<br />

municipal, no provincial e no central. Sobre os vereadores eleitos para as câmaras<br />

municipais aos 12 de abril diz que eles só foram escolhidos pela demonstração do seu<br />

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