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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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em finais do séc. XX, a colônia espanhola em Minas é formada, aproximadamente, por<br />

umas 2.000 pessoas. Nele, o então cônsul faz a sua particular definição da emigração e<br />

apresenta uma ponderação a respeito da integração dos espanhóis ma sociedade belohorizontina:<br />

Penso no significado da emigração como sendo a decisão de sair do lugar de origem para construir<br />

num outro lugar novos vínculos, relacionamentos, amizades. A palavra “construir”, que tanto se<br />

repete neste livro, pode ser entendida tanto literalmente no sentido do trabalho dos espanhóis<br />

colocando as pedras nas primeiras calçadas de belo Horizonte, como no sentido metafórico, o da<br />

construção de cada um de nós de sua própria história pedra a pedra. Todos têm uma história a ser<br />

escrita, e na maioria das vezes, edificada com a maior dignidade.<br />

É interessante ressaltar que quando a emigração é bem sucedida, é interativa, nunca discriminativa,<br />

funcionando como líquidos comunicantes, onde os espanhóis se “brasileam”, sendo isto visível nos<br />

filhos e netos, porém, também, os brasileiros se “espanholeam”, e isto se percebe nos matrimônios<br />

mistos hispano-brasileiros. Enfim a emigração é um caminho aberto a ser percorrido por cada um de<br />

maneira que suas circunstâncias e história assim o permitam (Bahillo, 1998: 5).<br />

Bahillo, ao igual que Silva, remonta a presença espanhola em Minas à época<br />

colonial. Nesse sentido, destaca a devoção por Nossa Senhora do Pilar que há nas cidades<br />

mineiras fundadas no séc. XVIII e suspeita que a autoria do quadro Nossa Senhora da<br />

Assunção que há na Sé de Mariana corresponde a um pintor espanhol. Ambos os autores<br />

também coincidem, em primeiro lugar, ao assinalar que os espanhóis que se estabeleceram<br />

em Minas na primeira grande imigração, como conseqüência da demanda de mão-de-obra<br />

para a cafeicultura, procediam da Bahia, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em segundo<br />

lugar, coincidem e ao mencionar que os espanhóis que se deslocaram à Cidade de Minas<br />

[Belo Horizonte] para participar nos trabalhos de traçado e urbanização da Nova Capital<br />

exerceram as profissões de canteiros e pedreiros. Mas Bahillo, ao contrário de Silva, expõe<br />

que os espanhóis de Belo Horizonte sim se agruparam inicialmente em um bairro – o bairro<br />

Floresta –, cujo nome foi tirado de uma pensão nele existente – o Hotel Floresta,<br />

propriedade de um espanhol – em que se hospedavam e reuniam muitos trabalhadores<br />

espanhóis ao chegarem a Belo Horizonte 201 . Além disso, Bahillo destaca que um bairro da<br />

201 No estudo De outras terras, de outro mar... Experiências de imigrantes estrangeiros em Belo Horizonte<br />

(2004), assinalam-se os bairros da capital mineira cuja denominação está relacionada com a presença de<br />

imigrantes estrangeiros: “Alguns bairros e locais de Belo Horizonte têm a origem de seus nomes vinculada de<br />

algum modo à presença de imigrantes estrangeiros. A denominação do Bairro Gutierrez foi sugerida pelo<br />

nome do primeiro vice-cônsul honorário da Espanha, Leonardo Álvares Gutierrez, que atuou como<br />

empreiteiro na edificação de diversos prédios e em obras como o Palácio e a Praça da Liberdade. [...] Muitos<br />

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