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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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As notícias, no Rio, sobre a Guerra Civil espanhola<br />

Ao começar à Guerra Civil na Espanha, não havia mais imprensa colonial espanhola<br />

no Rio de Janeiro. Não nos é possível, portanto, acompanhar por esse tipo de periódicos<br />

como afetou o conflito às atividades das únicas associações galegas então existentes na<br />

capital do Brasil, o Centro Galego e a Sociedade Espanhola de Beneficência [Hospital<br />

Espanhol]. O Centro Galego, apesar das disputas entre republicanos e nacionais, não rachou<br />

em bandos, não se havendo criado, no Rio de Janeiro, um Centro Republicano.<br />

Apesar do controle que sobre as notícias referentes à Espanha efetuava o DIP,<br />

durante essa guerra publicaram-se algumas obras que abordavam a contenda. Uma delas é<br />

Espanha em sangue... – o que vi e sofri, do jornalista Soares d’Azevedo (1936). Esse autor<br />

encontrava-se em Madri aos 18 de julho de 1936 e assistiu, ao vivo, à tentativa da tomada<br />

de cidade pelos sublevados e à organização da resistência e do contra-ataque por parte do<br />

governo da República e dos populares. Para Soares, o espetáculo macabro que ele viu nos<br />

vinte dias que passou na Espanha foi uma demonstração de como se anulava o progresso e<br />

se destruía a civilização em um país europeu do séc. XX. A sua experiência fez crescer o<br />

seu orgulho de ser brasileiro e cobriu-o de razão para se irritar com as impressões que<br />

divulgavam, ao retornarem aos seus países, alguns europeus que viajaram pelo Brasil. Ele<br />

afirma:<br />

Teria eu agora um inefável prazer em segurar pela gola uns quantos cavalheiros que vão<br />

displicentemente de longada ao Brasil e, de retorno, dizem do Brasil o que Mafoma não disse do<br />

toucinho, em crônicas brejeiras, em folhetins humorísticos, nos quais aparecemos como<br />

sobreviventes de uma época de barbaria, de exotismos e de extravagâncias, que escandalizam o<br />

europeu cem por cento civilizado. No entanto, o que se observa na Espanha... (Soares d’Azevedo,<br />

1936: 182).<br />

Embora ele tivesse publicado várias obras de assuntos diversos – poesia, história,<br />

crônicas – e exercesse como jornalista no matutino carioca Correio da Manhã, nunca antes<br />

tivera que cobrir uma guerra. Mas ao começar a batalha na Espanha, ele, ao mesmo tempo<br />

em que se preocupou por buscar um meio para deixar o país e regressar ao Brasil, reuniu<br />

informações sobre os enfrentamentos, entrevistou milicianos, conversou com sujeitos<br />

favoráveis ao alçamento nacional e com outros estrangeiros que, como ele, almejavam<br />

fugir da Espanha. Reparou especialmente na perseguição e na destruição de tudo que tinha<br />

a ver com o cristianismo.<br />

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