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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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A subsistência do imigrante em um espaço que, na sua configuração exterior, não<br />

pareça ter excludentes particularidades idiossincrásicas nacionais, pode resultar cômoda se<br />

esse espaço está ocupado por uma percentagem grande de estrangeiros de diversas origens<br />

que garanta a proteção da impessoalidade do sujeito durante a execução rentável das tarefas<br />

previstas para uma curta estada.<br />

Contudo, a presença de contingentes pluri-nacionais de imigrantes como força<br />

predominante em um espaço de trabalho, embora, a priori, represente uma intervenção<br />

social de valor neutro, converte-se em suscetível de reações entre os aborígines se eles<br />

decidem recuperar e re-nacionalizar um espaço internacionalizado que consideram seu. Isso<br />

pode acontecer quando o meio ocupado pelos imigrantes transforma-se, tanto na visão deles<br />

quanto na visão dos nativos, deixando de ser um espaço de fugazes presenças identitárias<br />

alienígenas em que têm lugar contatos pré-acordados e delimitados, isentos de graves<br />

conflitos, para se converter, por tempo indeterminado, em um espaço de constante convívio<br />

onde se forja uma nova identidade coletiva a partir de um patrimônio reivindicado como<br />

próprio por ambos os grupos. Os enfrentamentos convertem o não-lugar global em um<br />

lugar nacional, personalizado, no qual desde a inter-relação se disputa a prevalência dos<br />

valores identitários de cada uma das forças.<br />

O colonizador e o imigrante<br />

A categoria imigrante abrange, para alguns autores, os colonizadores. O<br />

antropólogo e etnólogo Arthur Ramos ([1943] 1962) elaborou uma periodização do<br />

movimento colonizador e imigratório europeu no Brasil 95 . Ramos incluiu nela os<br />

95 A exposição de Arthur Ramos em Introdução à antropologia brasileira também é do nosso interesse no<br />

tocante às considerações que ele apresenta sobre raça, etnia, nacionalidade, nação e estado. Ramos ([1943]<br />

1962: 9-10) indica o seguinte ao respeito: “Sob o ângulo da antropologia, há necessidade de lá distinguir os<br />

grupos raciais, lingüísticos e culturais. ‘Raça’ tem um significado biológico preciso: é uma variedade da<br />

espécie mais ou menos fixada pela herança. Mas no homem, esta noção vem intimamente ligada a outras<br />

características, não-hereditárias, ou sejam lingüísticas e culturais, para os fins de uma classificação dos grupos<br />

humanos. [...] Para obviar a estes inconvenientes, alguns autores propuseram, para a classificação dos grupos<br />

humanos, uma concepção de ‘grupo étnico’ ou seja a reunião de indivíduos do mesmo grupo físico, da mesma<br />

língua e de cultura similar, procedendo dos mesmos focos de origem, ou habitando o mesmo território. Em<br />

outras palavras, a etnia ou grupo étnico é a soma dos caracteres raciais, lingüísticos e culturais. Na Europa, é<br />

onde talvez se observe com maior razão a necessidade de se esclarecerem estas noções, dada ainda a confusão<br />

desses termos referidos, com os de ‘nacionalidade’, ‘nação’ e ‘estado’. Para certos autores, é realmente<br />

preciso distinguir a ‘nacionalidade’ grupo étnico, da ‘nação’, ou agrupamento histórico que leva à concepção<br />

política ulterior de ‘Estado’. É a mesma distinção que os alemães estabelecem entre VOLKSTUM<br />

(nacionalidade) e NATION. Quando falamos, por exemplo, de Portugal, temos a considerar várias noções: de<br />

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