26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Nas entrevistas realizadas a membros da colônia galega em Belo Horizonte, alguns<br />

informantes comunicaram-nos que sentiam similitudes entre o modo de ser e as atitudes dos<br />

galegos e dos mineiros. Para indagar nessa questão, ultrapassando os limites dos<br />

comentários recebidos nas entrevistas com esses informantes, decidimos recorrer à<br />

bibliografia em que se analisam traços considerados característicos do comportamento dos<br />

galegos e dos mineiros 176 . Esse parecer mencionado em conversas com galegos belofaziam<br />

os transatlânticos em que eles viajavam. O destino era o “sur”, isto é, o Uruguai e a Argentina (Ayala,<br />

1978: 236-37). Diz Ayala que lhe fora proposta a prorrogação do seu contrato com o DASP, mas que ele a<br />

decidiu recusar porque no Rio não havia “por entonces facilidades educativas adecuadas para mi hija, niña a<br />

la sazón de once años, que había pasado todo ese tiempo privada de escolaridad y atenida a lecturas más o<br />

menos programadas en casa. Fueron, para ella, sin duda, unas prolongadísimas vacaciones, en las que sin<br />

limitación disfrutaba de la playa, que se extendía al pie de nuestros balcones” (Ayala, 1983: 96). Ayala faz a<br />

seguinte síntese da suas vivências cariocas: “Tampoco es caso de repetir lo que ya dije: que trabajé mucho y<br />

muy a gusto, que completé el Tratado de sociología, que di con buen resultado las enseñanzas para las que me<br />

contrataron, y que cuando quise hacer el esfuerzo de hablar en portugués a mis alumnos, ellos me pidieron,<br />

con la broma habitual, que les siguiese hablando en castellano, pues me entendían mucho mejor así... Los<br />

contactos humanos de que tan sólo he ofrecido ligeros bosquejos, fueron para mí de valor muy positivo”<br />

(Ayala, 1983: 95). Em relação à poesia, no entanto, encontramos poucos produtos que transluzam o reflexo,<br />

nos versos, das experiências tidas por espanhóis durante estadias no Brasil, como viajantes. A esse respeito,<br />

destacamos o livro de poemas La ciudad es ya cuerpo escrito por Manuel Alvar (1970) em São Paulo nos<br />

meses de janeiro e fevereiro de 1969. Esse livro, com desenhos de Sérgio Tonissi, é o “Cuaderno n. 3 de la<br />

serie ‘Álamo y Sauce’ – Poesía”, que dirigia Julio García Morejón e que editavam a Universidade de São<br />

Paulo e o Instituto de Cultura Hispânica da capital paulista. Compõe-se de três conjuntos, de três poemas cada<br />

um. Os poemas estão escritos em castelhano e foram datados em São Paulo, em janeiro e fevereiro de 1969.<br />

Eles são: São Paulo, Amanecer con fondo de rascacielos, Negros (Bloco I); Tan cerca estás, En el suelo<br />

quedaron ya mis ojos, Entre los dos, la espada del silencio (Bloco II); Secuoyas Solitarias, Nocturno en São<br />

Sebastião, Ad Amoris inivstrandvm (Bloco III). Os poemas do primeiro bloco expressam o estranhamento, e<br />

em parte a desolação, do autor no meio da urbe paulistana e, devido às suas imagens, lembra-nos a linguagem<br />

do Lorca de Poeta en Nueva York. Cinco anos após La ciudad es ya cuerpo, Guillermo Díaz-Plaja (1974)<br />

publicou, nas Ediciones de Cultura Hispánica de Madri, Poemas y Canciones del Brasil. Trata-se de um livro<br />

maior; contém 29 poemas distribuídos nas seguintes cinco séries: Al llegar, Canciones en Bahía, Poemas de<br />

Río de Janeiro, Poemas de tierra adentro e Al Salir. Essas séries são abertas por um poema sem título que<br />

constitui uma seção autônoma rotulada Declaración de amor. Nela, Díaz-Plaja cita uns versos de Ronald de<br />

Carvalho (Todas as tuas conversas, pátria morena,/ correm pelo ar...) e expressa: “Hispano soy, y nada/<br />

portugués me es ajeno/ [...] Lo que hoy te traigo aquí/ como um enamorado tímido,/ son las primeras,<br />

pequeñísimas, temblorosas/ notas de un viajero/ que no te ofrece más que la sincera/ música de su piel<br />

estremecida/ al contacto de tu gigante hermosura” (Díaz-Plaja, 1974: 7-8). O autor manifesta a sua<br />

complacência perante o que percebe nas cidades de Salvador e do Rio de Janeiro; porém, expressa o espanto e<br />

a decepção que sentiu nas cidades de São Paulo e de Brasília através de dois poemas homônimos – São Paulo<br />

e Brasília –; neles patenteia a sua desilusão. São estes: São Paulo, “Aterrados,/ Bajo una barahúnda de<br />

bocinas,/ enfilamos la jungla de cemento/ pobre jungla sin árboles/ monumento de orgullo numerario,/ en el<br />

que un solo rascacielos/ se curva en una inmensa/ serpiente, por azar, petrificada.”; Brasilia, “La selva<br />

transformada en geometría/ enfría sus paisajes./ Cubos, conos, pirámides, cilindros,/ en lugar de los árboles./<br />

La línea recta ha asesinado/ las mariposas frágiles./ Los aviones de aluminio,/ el temblor de las aves./ Y la<br />

regla de cálculo/ ha hecho la perfección irrespirable./ Todo es justo, preciso, claro, rígido:/ Es el sitio de<br />

Nadie.” (Díaz-Plaja, 1974: 62-63).<br />

176 Em relação aos mineiros, usamos um ensaio de Maria A. do Nascimento Arruda sobre o imaginário<br />

mineiro na vida política e cultural do Brasil, intitulado Mitologia da mineiridade (Arruda, 1989) e às<br />

ponderações sobre a cultura mineira, para justificar o caráter diferencial da literatura mineira, apresentadas<br />

por Martins de Oliveira na obra intitulada História da Literatura Mineira (Oliveira, 1963). Da parte galega,<br />

251

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!