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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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No Brasil chámanlle “gallegos” aos portugueses, e os galegos non queren ser confundidos cos<br />

portugueses. Por eso prefiren que se lles chame “hespañoles”, deixandolle o de “gallegos” aos<br />

portugueses. É que un galego val máis que un portugués no Brasil, por todo. Inclusive porque é raro<br />

que un emigrado portugués non sexa analfabeto (a estadística oficial dá un 68% de analfabetos, pero<br />

xa sabemos que antre os alfabetos hai incontables analfabetos que dibuxan o nome). Os galegos, en<br />

troques, saben ler i escribir, anque mal (Castelao, 1992: 929).<br />

Deve-se levar em consideração que, com anterioridade à chegada em massa dos<br />

imigrantes galegos, e com independência da imagem de indivíduos rurais e iletrados que<br />

podiam ter projetado os galegos, nos períodos da sua maior presença quantitativa, já existia<br />

uma representação sobre o indivíduo galego. De fato, os primeiros imigrantes galegos que<br />

aportaram ao Rio de Janeiro depararam-se com que a expressão Mata Galego! era um<br />

comando nacionalista que condensava o sentimento popular anti-lusitano.<br />

Os historiadores das relações internacionais, Amado Luiz Cervo e José Calvet de<br />

Magalhães, ao analisarem a imigração portuguesa no Brasil no séc. XX (Cervo, 2000: 343-<br />

51), interpretam que a lusofobia popular gerada no séc. XIX, logo da independência,<br />

incitada pelos movimentos nativistas, e abrigada, por vezes, por entidades oficiais,<br />

encontrou, no milhão de emigrantes saídos de Portugal entre 1822 e finais desse século, um<br />

canal para a expansão virulenta dos seus ataques contra a subsistência da importante<br />

influência do elemento português na formação da nacionalidade brasileira. A notável<br />

concentração de portugueses no Rio de Janeiro, e a sua predominância no pequeno<br />

comércio e na indústria, acumulando, em 1889, 69,25% do capital da praça e detendo a<br />

propriedade de grande parte das moradias populares – os cortiços –, acirrou a lusofobia e<br />

consolidou a denotação vilipendiosa do qualificativo “galego” em uma época em que a<br />

imigração propriamente galega era já intensa nas principais cidades cariocas. Segundo os<br />

dois historiadores mencionados: “Esta situação originou, em muitos círculos brasileiros,<br />

intensa hostilidade ou má vontade contra os emigrantes portugueses, apelidados de<br />

exploradores, ‘praga de gafanhotos’, marinheiros, galegos, e outros epítetos depreciativos”<br />

(Cervo, 2000: 346).<br />

O historiador Sidney Chalhoub, no estudo intitulado Trabalho, lar e botequim<br />

(Chalhoub, 1986), levantou e analisou os conflitos cotidianos de convivência, e os delitos,<br />

dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque, isto é, da primeira década do séc. XX,<br />

através da sua plasmação em inquéritos policiais e processos judiciais. Esse foi um período<br />

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