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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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I. 4. As representações<br />

A compreensão e o uso dados neste trabalho ao termo representação partem das<br />

considerações expostas em 1898 sobre ele por Émile Durkheim, no capítulo<br />

“Representações individuais e representações coletivas” de Sociologia e filosofia 48<br />

(Durkheim, 1970). Nesse capítulo há considerações que, aqui, foram usadas para a<br />

compreensão do fenômeno migratório.<br />

O fenômeno migratório é um fato social, de morfologia social, gerado, obviamente,<br />

pela sociedade, que afeta à vida coletiva nos campos sociais. Como fato social, de<br />

morfologia social, o fenômeno migratório é um fato físico – um objeto –, mas a sua<br />

compreensão não pode ser só efetuada considerando-o, unicamente, um objeto material. Na<br />

conceituação do fenômeno cumpre considerar também os efeitos provocados, na<br />

consciência dos sujeitos que se deparam com ele, pelas sensações que, individual e<br />

socialmente, produzem as imagens do objeto, ou seja, pelas representações.<br />

Por conseguinte, entre o objeto relativo a um fato social e as representações a ele<br />

vinculadas, mas constituídas como entidades autônomas, média a consciência social, por<br />

sua vez dependente tanto da relação que ela guarda com o número dos sujeitos que a<br />

compartilham quanto dos modos segundo os quais esses sujeitos se agrupam e distribuem.<br />

Isso não quer dizer que as representações de um objeto consistam em uma síntese das idéias<br />

e das sensações relativas a ele tidas pelos sujeitos que o observam. Caso assim fosse,<br />

conseguir-se-ia uma compreensão unívoca e estável das diacrônicas representações de<br />

qualquer objeto que acabaria fundindo o objeto no epifenômeno das representações.<br />

Durkheim nega que essa estruturação e defende que existem excitações exteriores<br />

ao fato, e ao objeto social do qual partem as representações, que independem dele, mas que<br />

afetam o processo constitutivo das representações. Essas excitações existem por si e,<br />

embora sejam alheias ao fenômeno das representações, determinam as representações<br />

individuais e coletivas que se formam sobre o fato social.<br />

Uma vez constituídas as representações sobre um fato social, o fato submete-se a<br />

essas representações. Todavia, as representações acabam-se tornando realidades<br />

48 O capítulo foi por primeira vez publicado como artigo na Revue de Métaphysique et de Morale, t. VI,<br />

número de maio de 1898. Utiliza-se nesta exposição a primeira edição da tradução ao português do Brasil<br />

(Durkheim, 1970).<br />

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