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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Álvares de Azevedo, Castro Alves 399 , Gonçalves Dias 400 , Rui Barbosa, Alberto de Oliveira,<br />

399 De Manuel Antônio de Almeida, Pinto do Carmo (1960: 41) cita o poema A uma espanhola – um dos<br />

poucos poemas que se conhecem desse autor – (És tão mimosa e tão bela,/ Como a estrela,/ Que desponta<br />

rutilante,/ E que se mira reluzente/ Na corrente,/ Que a retrata deslumbrante) como um exemplo da<br />

familiaridade que ele tivera com a literatura castelhana de toque romântico de então e na obra poética de<br />

Álvares de Azevedo nota a influência de Espronceda. Em relação a influência de Espronceda nos poetas<br />

românticos brasileiros, Pinto do Carmo (1960: 44) menciona que Castro Alves declarara o seu entusiasmo<br />

pela obra desse romântico espanhol de quem, de fato, traduzira alguns poemas. Nesse sentido, Francisco<br />

Villaespesa (1930), na “Carta Abierta” dirigida a Adelaide Castro Alves de Guimarães – irmã do poeta –, que<br />

funciona como introdução da tradução que ele fizeza de alguns poemas de Castro Alves sob o título El navío<br />

negrero y otros poemas, declarara “Castro Alves, por su temperamento, por su sensibilidad y por su<br />

imaginación, fue un poeta medularmente español, sin dejar de ser el más brasileño de todos” (Alves, 1930:<br />

14). Villaespesa notara também a influencia de Espronceda, junto a de Lord Byron e Alfredo de Musset, em<br />

Castro Alves e informara que as traduções feitas pelo romântico brasileiro da obra de Espronceda foram do<br />

livro El diablo mundo. Pinto do Carmo, quem considera que o entusiasmo de Castro Alves “pelas coisas<br />

espanholas” pôde haver sido inculcado na sua família, pois a sua avó materna – Ana Rita Viegas – era natural<br />

de Cádiz, transcreve alguns trechos de poemas em que foram inseridos os motivos espanhóis, relacionados,<br />

sobretudo, com a Andaluzia e com a mulher espanhola. Trata-se de trechos dos poemas Os três amores (Na<br />

volúpia das noites andaluzas,/ O sangue ardente em minhas veias rola.../ Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,/<br />

Vós conheceis-me os trenos na viola!/ Sobre o leito do amor teu seio brilha.../ Eu morro, se desfaço-te a<br />

mantilha.../ Tu és — Julia, a Espanhola), Versos de um viajante (Tenho saudades... ai! de ti, São Paulo,/ –<br />

Rosa de Espanha no hibernal Friul –/ Quando o estudante e a serenata acordam/As belas filhas do país do sul),<br />

A uma estrangeira (Na proa os nautas cantavam;/ Eram saudades?... Talvez!/ Nossos beijos estalavam/ Como<br />

estala a castanhola.../ Lembras-te acaso, espanhola?/ Acaso lembras-te, Inês?/ Meus olhos nos teus morriam.../<br />

Seria vida? - Talvez!/ E meus prantos te diziam:/ “Tu levas minh'alma, ó filha,/ Nas rendas desta mantilha.../<br />

Na tua mantilha, Inês!”/ De Cádiz o aroma ainda/ Tinhas no seio... – Talvez!/ De Buenos Aires a linda,/<br />

Volvendo aos lares, trazia/ As rosas de Andaluzia/ Nas lisas faces de Inês!), O navio negreiro (Do Espanhol<br />

as cantilenas/ Requebradas de langor,/ Lembram as moças morenas,/ As andaluzas em flor!), Uma página de<br />

escola realista (As trevas rolam como as tranças negras,/ Que a Andaluza desmancha em mago enleio/ E entre<br />

rendas sutis surge medrosa/ A lua plena, qual moreno seio), Sonho da boêmia (Farei poesias ou versos/ Aos<br />

teus olhinhos perversos/ Aos teus pezinhos, meu bem!/ E tu cantarás, ó Manola,/ Aquela moda espanhola/<br />

Que tantos requebros tem!), Aves de arribação (E a voz cantava o trêmulo medroso/ De uma ideal sentida<br />

barcarola.../ Ou nos ombros da noite desfolhava/ As notas petulantes da espanhola!) e Manuela (Cantiga do<br />

rancho) (Vejo-lhe o pé resvalando/ Brando/ No fandango a delirar;/ Inda ao som das castanholas/ Rolas/<br />

Diante do meu olhar...).<br />

400 Gonçalves Dias, por um lado, compôs um longo poema em sete cantos, todos eles encabeçados por<br />

citações de versos de Victor Hugo, com uma ambientação cavalheresca espanhola cujo assunto é a vingança<br />

como forma de defender a honra maculada. Trata-se do poema O soldado espanhol (Dias, 1998: 32-44). Nele,<br />

o autor versifica uma história em que um soldado, quem se auto-identifica com o Cid (arrogante,/ de sangue<br />

espanhol), muito apaixonado pela sua namorada (Ela era brilhante,/ Qual raio do sol [...] E o espanhol muito<br />

amava/ A virgem mimosa e bela;/ Ela amante, ele zeloso/ Dos amores da donzela;/ Ele tão nobre e folgando/<br />

De chamar-se escravo dela!), deve partir, rumo à “Índia Ocidental”, para fazer a guerra. Durante a longa<br />

espera, a amada, sob a incerteza do regresso do soldado (Do guerreiro que partiu,/ Largos anos são passados,/<br />

Missiva dele não viu), namora um mancebo infanção. Finalmente o soldado regressa e, transformado em um<br />

carrasco implacável que anseia compensar a afronta da traição que sofrera, mata os amantes (E a porta range e<br />

cede, e franca e livre/ Introduz o tufão, e um vulto assoma/ Altivo e colossal. – Em honra, brada,/ Do esposo<br />

deslembrado! – e a taça empunha/ Mas antes que o licor chegasse aos lábios,/ Desmaiada e por terra jaz a<br />

esposa,/ E a destra do infanção maneja o ferro,/ Por que tão grande afronta lave o sangue,/ Pouco, bem pouco<br />

para injúria tanta./ Debalde o fez, que lhe golfeja o sangue/ D'ampla ferida no sinistro lado,/ E ao pé da esposa<br />

o assassino surge/ Co’o sangrento punhal na destra alçado). Por outro lado, ele criou um dos seus quatro<br />

dramas históricos compostos entre 1843 e 1850 – Patkull, Beatriz Cenci, Leonor de Mendonça e Boabdil –<br />

como um episódio da guerra entre mouros e cristãos durante a conquista de Granada, tratado como um drama<br />

de capa-e-espada à moda romântica. Luís Antônio Giron (Teatro de Gonçalves Dias, 2004: XXVII-XXIX),<br />

quem preparou a edição Teatro de Gonçalves Dias, aponta o seguinte sobre a drama Boabdil na introdução<br />

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