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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Sustentemos puro, apaixonado, hipersensível, amor e culto pela nossa pátria, pela nossa nação. Pelo<br />

amor entranhável àqueles que levam o nosso sangue, chegaremos a estimar todos os nascidos; pela<br />

dedicação exaltada da nossa terra, chegaremos a compreender todos os outros países.<br />

Las Casas é, portanto, um apologista de alcançar o internacionalismo mediante o<br />

nacionalismo, do qual diferencia dois modos, o defensivo e o agressivo ou expansivo. Do<br />

primeiro diz que “trata de defender as características nacionais dos povos, bem no interior<br />

contra a corrupção e a decadência, bem contra os Estados que esmagam a sua<br />

singularidade” e qualifica o segundo como “um movimento de expansão ao exterior, para<br />

aumentar o poder nacional em zonas e povos de fácil domínio ou conveniente anexação”,<br />

isto é, como uma hipertrofia do sentimento e da idéia nacional, gerada sobretudo pela<br />

superprodução e superpovoação, que pode derivar na agressão violenta e injusta às nações<br />

livres (Las Casas, 1937b: 59). O principal mal que, do seu interior, ameaça o nacionalismo<br />

defensivo é a deturpação da consciência coletiva, a qual se manifesta pela tentação que para<br />

alguns indivíduos alucinados cria a vontade de imitação mimética das manifestações de<br />

progresso que exibem as grandes cidades e as grandes potências, uma vontade de imitação<br />

que, por sua vez, leva-os a achar que tudo o que é nacional é miserável. O sujeito nacional<br />

aliena-se e começa “a copiar tudo quanto estima colossal, estrangeirizando-se<br />

ridiculamente, ou sucumbe débil numa invencível vergonha de si próprio, que o faz andar<br />

de joelhos, servil, vendo em cada forasteiro uma divindade” (Las Casas, 1937b: 61). O<br />

nacionalismo expansivo é materialista, independe do regime e do sistema de governo do<br />

país que o pratica, não tem preocupações civilizadoras e é condenável porque, com a sua<br />

tirania, afoga a economia dos povos que absorve. Las Casas considera os emigrantes e os<br />

que comerciam além das suas fronteiras nacionais como agentes do nacionalismo<br />

expansivo:<br />

Tudo quanto tem de creador o nacionalismo defensivo, tem o expansivo de tirânico. Aquele levantase<br />

impulsionado por um alto ideal de esplêndida ressurreição, e este caminha induzido por um vulgar<br />

apetite mercantilista ou por uma inflexível lei biológica estabelecida em conseqüência da<br />

fecundidade da raça, do clima, da alimentação e de outras várias determinantes zoológicas. O<br />

operário, que por falta de trabalho emigra, leva consigo como máxima ilusão, comer melhor e viver<br />

mais desembaraçadamente, e o comerciante que vai à procura de mercados, só se preocupa a vender<br />

o mais possível e favorecer-lhe com o maior lucro; um e outro, porque estão longe da pátria, sós,<br />

isolados, em luta difícil, fazem das fraquezas forças e apresentam-se como fortes, como bem dotados,<br />

como poderosos, proclamando muito alto e a cada instante que eles representam um povo próspero e<br />

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