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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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trabalhadores estrangeiros não-imigrantes. A distinção inerente a essa diferenciação<br />

coloca o trabalhador estrangeiro não-imigrante em uma posição cômoda para a observação<br />

de dois âmbitos, aos que está ligado sem integrá-los. Ele situa-se entre os campos sociais<br />

dos sujeitos nacionais e o modo de vida dos imigrantes típicos, estando próximo aos<br />

correspondentes espaços de esses dois âmbitos e, simultaneamente, sentindo-se alheio a<br />

ambos. O seu estatuto não coincide com o do estrangeiro não-imigrante de estadia<br />

temporária e, logo, delimitada – o professor convidado, o cientista viajante, o estudante, o<br />

executivo representante de uma empresa investidora no estrangeiro –, já que a sua<br />

residência no país receptor é permanente e o seu trabalho, nesse país, é estável, e também<br />

não com o da massa dos imigrantes, pois ele é um sujeito não-nacional que exerce funções<br />

profissionais próprias dos nacionais. A sua posição como observador assemelha-se à do<br />

padre estrangeiro, embora eles tenham diferentes estatutos legais e não coincidam os<br />

motivos que causaram o deslocamento. Quem chega para se dedicar ao labor pastoral no<br />

Brasil recebe, no início da estadia, um visto exclusivo – o visto de missionário –, e justifica<br />

a sua presença na filantropia, sem que se declare um interesse econômico pessoal. Mas cabe<br />

ao missionário e ao trabalhador estrangeiro não-imigrante, segundo a sua conveniência, a<br />

livre transição pelo espaço tanto da mão-de-obra patrícia quanto dos cidadãos naturais.<br />

Um caso de trabalhador estrangeiro não-imigrante foi o do castelhano Auxilio<br />

Berdión, autor da obra El país maravilloso (Impresiones del Brasil), uma combinação de<br />

ensaio e crônicas publicada em Madri em 1929. Durante oito anos, Berdión trabalhou no<br />

Brasil como jornalista e de professor. Assim o declara no início da obra, quando informa do<br />

propósito dela: “Contiene este pequeño volumen, no un estudio detallado del Brasil físico y<br />

político de nuestros días, sino apenas unas ligeras impresiones, recogidas con cariño, en<br />

ocho años de profesorado y de periodismo en aquel bello país” (Berdión, 1929: 7). No<br />

entanto, embora no Brasil acabasse exercendo ofícios de não-imigrante, ele expressa que da<br />

Espanha partira sentindo-se como um emigrante. Tão ambíguo reconhecimento – ele<br />

sentiu-se no barco como um emigrante, mas não o era – foi acompanhado de uma<br />

classificação dos sujeitos que viajaram de navio com ele. Berdión esclareceu, como segue,<br />

que, entre os passageiros que viajavam à América do Sul, havia não-imigrantes e<br />

imigrantes, e que, entre estes, havia classes, apresentando-se, além do mais, patentes as<br />

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