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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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ninguém lhe bate à porta nem o corteja; só os camponeses o veneram e lhe oferecem todos os dias a<br />

expressiva homenagem de uma súplica (Las Casas, 1938: 17-18).<br />

Em dezembro Fernando anotará que conversara durante horas com Luiz acerca de<br />

heráldica e genealogia galegas, “ciências que não servem para nada, mas que são<br />

imprescindíveis a pessoas que saibam estimar-se”, pois “quem sabe a história da nobreza<br />

galega sabe a origem da castelhana, que é a mais citada e heróica do mundo” (Las Casas,<br />

1938: 42). A heráldica e a genealogia são, inclusive, propostas por Fernando como<br />

disciplina da educação básica:<br />

Em vez de tanta datilografia e tanta regra de três aborrecida, dever-se-iam educar as crianças nessas<br />

belas e enobrecidas disciplinas; são estudos que levantam o espírito, que ensinam a olhar para cima,<br />

que fortificam a dignidade – uma espécie de ginástica da coluna vertebral. Se eu tivesse um filho,<br />

toda a minha preocupação seria educa-lo para que fosse um perfeito cavalheiro; só assim, com o<br />

correr dos anos, seria capaz de suportar o peso opressor da glória ou da miséria (Las Casas, 1938:<br />

43).<br />

Fernando contrasta, aos 23 de dezembro, os lemas dos brasões das famílias galegas<br />

com os castelhanos e os portugueses, frisando que os galegos transmitem um orgulho mais<br />

humano (“ou se contentaram com um romântico Alto miro, como os Altamirano, ou,<br />

quando mais, chegaram àquela eufonia valentia – Se não temes aos Femes, a quem,<br />

temes?” Las Casas, 1938: 70) e registra que irá lhe recomendar ao seu amigo Luiz que<br />

mude o brasão da família e faça um para si – “uma águia com as asas abertas sobre uma<br />

larga planura” – lavrando em volta “a bela divisa paulista: Non ducor, duco – Conduzo, não<br />

sou conduzido” (Las Casas, 1938: 71). Na descrição do interior do paço, “nobre e rústico,<br />

imponente e acolhedor” (Las Casas, 1938: 17), parte do térreo e comenta como eram as<br />

adegas (“imensas, abobadadas de granito, como o refeitório dos velhos conventos” Las<br />

Casas, 1938: 15). Passa ao andar superior por uma escada de pedra, enfeitada com um<br />

reposteiro, com um corrimão “muito bem trabalhado”. Aponta as características do “hall” e<br />

destaca a existência de uma sala dedicada à exposição de “formosas obras de artistas do<br />

país”, as quais cita:<br />

um escravo de Parada Justel, uma paisagem de Llorens, uma camponesa de Sotomaior, uma marinha<br />

de Corral, duas águas-fortes de Castro Gil, um clérigo de Corredoira, três paisagens de Manuel<br />

Colmeiro e uma perspectiva de cais de Torres, e em escultura obras preciosíssimas de Asorey, Eiroa,<br />

Miranda e Narciso (Las Casas, 1938: 15-16).<br />

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